Entrevistamos Titãs sobre o álbum “Olho Furta-Cor”

Titãs
Foto: Tony Santos / Divulgação

Comemorando quarenta anos de estrada, a banda Titãs acaba de lançar um álbum que reflete bem a energia de sua duradoura carreira. Intitulado “Olho Furta-Cor”, o disco está repleto de composições relevantes, de críticas e de diversas referências.

Atualmente formado por três músicos, o grupo que outrora contava com o triplo de integrantes, está com uma agendas de shows ao redor do Brasil e lançou recentemente o documentário “BIOS”, que está disponível na plataforma da Star+.

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Para falar sobre o novo projeto musical, Sérgio Britto e Tony Bellotto bateram um papo com a Nação da Música e revelaram alguns detalhes acerca de “Olho Furta-Cor”. Durante a nossa descontraída conversa, ressignificamos o termo “fúria” e o transformamos em um adjetivo que caracteriza a banda, como você confere logo abaixo.

Entrevista por Katielly Valadão.
——————————— Leia a íntegra:
É um prazer falar com vocês! Como estão? Como vão as coisas?
Tony: Oi, Katielly! É um prazer falar com você também. Estamos aqui muito animados com o lançamento do disco novo, e é isso, prontos para ir pra estrada com esse álbum novo, fazer programa de televisão, tocar na rádio, como sempre [risos] há 40 anos que a gente fica assim, lançamos trabalho novo, vamos e fazemos de tudo para ele dar certo.

Que maravilha! E esse álbum que tá chegando ao mundo já chama atenção logo de cara pelo bonito título, então vocês poderiam começar falando sobre o conceito por trás de “Olho Furta-Cor”? Não somente do nome, mas também do projeto como um todo.
Sérgio: Em primeiro lugar, esse título “Furta-Cor” é extraído do poema do Haroldo de Campos que a gente musicou. É uma frase que tem lá no texto dele, que ele fala sobre São Paulo, uma visão lírica da cidade e a gente achou esse nome e essa frase interessantes e sugestivas porque de certa maneira acredito que ela representa o que o disco é musicalmente, né?

O furta-cor é essa não cor que contém todas as cores, então esse olhar de verso, colorido e multifacetado para o mundo, eu acho que é um pouco o olhar que a gente tem, o olhar que o disco tem. Eu acho que o álbum tem um pouco disso, ele faz a crônica do nosso tempo.

Ele também faz homenagens a personagens que a gente gosta muito, tipo a Rita Lee, o Raul Seixas, o próprio Haroldo de Campos, a cidade de São Paulo. A gente comenta, faz um pouco a crônica do nosso tempo. Tem canções de amor, tem canções que falam mais do momento político que a gente vive e por aí vai. Acho que tem esse lado multifacetado e multicolorido, rico e diverso que eu acho que é uma marca da banda e desse disco em especial.

Eu já tive o prazer de ouvir o álbum antes do lançamento e não poderia deixar de ressaltar as letras, que estão muito relevantes, como sempre, como tudo que vocês fazem. Elas estão cheias de referências e de elementos que podem gerar discussões muito atuais. Queria saber como foi o processo não apenas de composição, já que são diversas canções e isso seria difícil de resumir, mas como foi o processo da construção narrativa do projeto.
Tony: É, a gente é sempre muito criterioso na composição das canções. Eu acho que a grande força da nossa música é essa, né? As canções. Desde o começo foi assim, a gente sempre tem um cuidado muito grande com as letras, como você falou. Com as letras e em como elas entram na canção, na melodia, no arranjo… A gente gosta de fazer isso, é isso que nos motiva depois de tanto tempo, decidir comemorar os 40 anos de carreira fazendo um disco de músicas inéditas, né?

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A gente tem um monte de músicas, de hits, e poderíamos nos debruçar sobre as glórias do passado, mas o que nos motiva mesmo é isso, é fazer coisas novas. A gente adora! Ficamos assim em um estado febril de criação. A gente estava na pandemia, no isolamento, e começamos a fazer o disco, a pensar nele. Nós sempre partimos de uma ideia meio nebulosa, assim: “vamos fazer um disco de rock pesado, que tenha influências da música brasileira”.

Daí a gente foi começando a fazer as canções, trocando as ideias e em determinado momento surgiu, até por sugestão do Felipe Hirsch, que é diretor de teatro, a gente estava conversando com ele, tendo umas conversas e pensando no trabalho que a gente poderia fazer algum dia, mas que nunca fizemos, e ele nos mostrou esse poema do Haroldo de Campos. E aí, veio essa ideia de São Paulo.

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Então a gente começou a pensar: 2022, quarenta anos de Titãs, 200 anos da Independência do Brasil, 100 anos da Semana de Arte Moderna de São Paulo, então tudo isso foi gerando um pouco desse conceito do disco, né? Que eu acho que fala um pouco sobre o Brasil, sobre o mundo, sobre as coisas que acontecem, a maneira como nós estamos vendo isso… Então acho que é mais ou menos essa a narrativa que, como você falou, norteou pra gente a construção desse disco.

Sérgio: É, não é nada muito programado. Acho que a gente nunca fez nada programado, nem por exemplo o “Cabeça de Dinossauro”, que parece ser tão construído em torno de críticas às instituições e não foi pensado assim. A gente foi fazendo e as coisas foram se encaixando. Nesse disco foi a mesma coisa, aconteceu.

E tem um outro dado importante que eu acho que é o fato dele ter sido feito e gerado durante esse período de pandemia, né? Então tem algumas canções que falam muito claramente sobre isso, falam explicitamente sobre isolamento, sobre dificuldades de relacionamento como “Um Mundo”, “Papai e Mamãe” ou até essa outra que fala de uma maneira… de um ponto de vista mais distanciado da sociedade como um todo, que é “Há de Ser Assim”, que fala que a cura dos outros vai salvar você.

Essa história do mundo não ser mais o que era, de ter se transformado e estar em constante transformação. Eu digo que o que era distante não é mais, o que afeta o outro pode te afetar e vice-versa. Esse tipo de reflexão acho que permeia o disco.

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E vocês têm esse privilégio que é cantar através de mudanças geracionais. Por exemplo, adolescentes que curtiram vocês décadas atrás, apresentaram o Titãs aos seus filhos, e assim por diante. Inclusive, “Papai e Mamãe” é uma música que tenho certeza que vai falar diretamente com uma determinada faixa-etária. Queria saber como vocês enxergam e vivenciam isso de ter um público que é tão fiel, mas que ao mesmo tempo está sempre se renovando.
Tony: Essa é a maior satisfação que a gente pode ter, né?! A gente sentir, perceber e ver nos shows que a nossa música vai se comunicando e fazendo sentido para gerações tão diferentes, então você tem toda razão. Quando começamos… As pessoas que curtiram a gente já estão todos na faixa dos 60 anos, somos idosos, já entramos naquela fila de prioridades por lei na hora de embarcar no avião…
Sérgio: O que é muito bom! [risos]
Tony: E a gente vai no show e vê crianças, jovens de 18, 19 anos. Às vezes até crianças cantando as nossas músicas. Isso realmente é uma satisfação, assim, indescritível para nós como autores e criadores. A gente vê que se comunica, né? A força da música que pode se comunicar com gerações diferentes e isso sempre é um dos motivadores da nossa satisfação, da gente continuar com a banda, ter gana de fazer tudo isso porque é uma sensação muito boa essa comunicação que a música proporciona.
Sérgio: E nesse sentido, essa coisa que você falou do pai com filho, às vezes até neto, hoje em dia…
Tony: [risos]
Sérgio: É muito bacana esse estudo da música passar de geração para geração e independente da mídia ou do que esteja acontecendo. Uma coisa familiar, relações afetivas que misturam isso com música e arte, eu acho isso uma coisa muito bacana que você conquista com tempo, né? Eu acho que a gente tem isso sim, é uma coisa muito bacana.

A assessoria me enviou um release sobre o novo álbum, e para minha surpresa, quando abri o arquivo, me deparei com um texto divinamente escrito pelo Pedro Bial. Eu queria trazer uma aspa específica na qual ele diz assim: “os Titãs sempre foram cronistas de seu tempo, com mais fúria que consolo. Talvez a fúria como único consolo possível”. Vocês se sentem assim? Levando em consideração que o mundo está engatinhando para sair de uma pandemia que parou a industrial musical por um tempo, vocês acham que esse novo projeto carrega certa fúria e energia guardadas?
Tony: Ahhhh [risos]
Sérgio: Eu acho que uma energia sim, não sei se necessariamente fúria – ou nem sempre fúria. Eu acho que em muitos momentos sim, mas não sempre. Acredito que a gente tem uma energia, um entusiasmo e uma vontade muito grande de fazer e realizar as coisas, então acho que talvez, nesse sentido, sim. Eu acho que é uma fúria criativa, né?
Tony: É, e uma fúria também nesse sentido mitológico. A gente convidou o Pedro Bial para fazer o release e foi uma escolha muito acertada porque o Pedro é jornalista, mas ele também é um poeta, então ele tem uma visão… Ele consegue enxergar como poeta e como jornalista. Então ele traduziu de uma maneira muito interessante o disco. Nós mesmos nos surpreendemos com algumas coisas que ele narra aí nesse release, muito legal.

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O release é uma peça literária em si, né? E essa fúria, eu acho que realmente é essa energia, o que a gente toma do rock, esse jeito de chegar um pouco… [Tony faz um gesto de intensidade com as mãos] sem muita preparação. É encarar os fatos, as coisas, as canções com um certo atrevimento, né? Então eu achei muito acertado e tem muito a ver com esse disco, sim. Essa energia, né?

Eu também acho que tem! E bom, 2022 tá sendo bem cheio pra vocês, né? Estão com uma agenda de shows, tem disco chegando e acabaram de lançar um documentário, que se chama BIOS. Como foi para vocês ter uma história tão importante contada de uma forma tão aparada e rica como acontece em um documentário? Esse projeto já estava nos planos de vocês há algum tempo ou não?
Sérgio: Não, na verdade nem foi um projeto nosso, foi um convite da Star+, desse canal da Disney…
Tony: É, Star+!
Sérgio: E a gente aceitou, obviamente, porque é um projeto feito com muito carinho, muito profissionalismo, muito cuidado. Todo mundo participa: Titãs, ex-Titãs, pessoas importantes na nossa carreira. Tem imagens icônicas dessa trajetória de 40 anos. Foi bacana fazer a revisão de tudo, até divertido. Às vezes esse negócio de ficar falando muito do passado até cansa um pouco, mas eu acho que dessa vez foi mais divertido do que outra coisa qualquer.

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E curioso, porque a gente vê os outros que saíram, os ex-Titãs falando de situações, de momentos difíceis e conturbados dentro da visão de cada um da mesma situação… Foi uma coisa bacana e até mesmo enriquecedora para nós, pra entender essa história aqui que não é só nossa mais, né? Eu acho que até isso tem de bacana na intenção dessa biografia. Essa história já nem é mais nossa, ela é maior que a gente.

Tony: É, esse ano tem sido muito interessante nesse sentido aí que você observou. A gente sai da pandemia, começa a fazer os shows e esse encontro com o público tem sido muito intenso, muito prazeroso. A gente lança esse disco de músicas inéditas comemorando os 40 anos, ao mesmo tempo tem esse documentário que a gente consegue olhar para o passado, inclusive como o Brito falou, se surpreender com a visão dos fatos dos ex-integrantes, né? Então é um momento que gera uma reflexão muito interessante e eu acho que o documentário tem uma importância grande nessa celebração dos nossos 40 anos, englobando tudo isso.

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E ao longo dos anos vocês fizeram muita coisa, experimentaram muito e deixaram composições gravadas na cultura brasileira. Mas se eu perguntar, hoje, o que inspira vocês a fazer música, clipes e arte de uma forma geral, conseguem chegar a uma resposta concreta?
Tony e Sérgio: [risos]
Tony: Nossa! Acho que eu preciso pensar um pouco antes de te responder [risos]

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Fica à vontade! [risos]
Sérgio: Ah, eu acho que eu tenho uma resposta simples, na verdade. Tudo, tudo, tudo inspira e serve de inspiração. O dia-a-dia, as coisas que a gente pensa, às vezes uma bobagem, uma frase que alguém falou, uma brincadeira no instrumento, uma notícia, um momento difícil do país, por aí vai. Eu acho que tudo é um motivo para você fazer esse exercício assim. E às vezes tem coisas que te tocam e você fala “poxa, sobre isso eu poderia falar”. Então eu acho que esse estímulo tá em todo lugar aí, é só você estar atento e olhando as ideias [risos] eu acho que é uma coisa sem fim.

Tony: É, e complementando, eu acho que é a fúria, né? Essa fúria aí que a gente fala, é uma coisa interna que a gente tem e que é interessante, desde o começo a gente tem essa vontade de realizar as coisas, então a inspiração fica ligada, atenta, e o que chega ali a gente quer logo transformar em canção. Então isso permanece igual. Eu estava pensando, lembrando, e com o Brito aqui, tantos anos juntos e a gente na hora de compor vai com o mesmo ímpeto que a gente ia 40 anos atrás, isso é bem legal.

Voltamos para a fúria, a palavra-chave da entrevista!
[ambos riem]
Tony: Sem dúvidas! [risos]

O nome Titãs tem uma identidade firmada e inconfundível no imaginário brasileiro, eu diria. São quatro décadas de história. Diante do tamanho do peso que a banda representa e carrega, quando vocês vão lançar algo novo, como por exemplo um álbum, ainda bate um sentimento de responsabilidade em relação ao que vocês vão entregar para o público e a como o público vai responder, ou depois de tanto tempo o trabalho de vocês vem unicamente de um estado completamente independente e livre?
Tony: Nãooo, essa insegurança que você diz, essa ansiedade, essa tensão a como o disco vai ser recebido, a como ele vai ser entendido, existe o tempo todo! Parece até um lugar-comum, um chavão, mas é verdade. E isso se aplica aos shows também. Muitas vezes perguntam: “vocês não enjoam de fazer show? 40 anos fazendo shows!” como se isso permitisse a gente entrar no palco tranquilo, assim, já domino isso… não! Aquele famoso frio na barriga, ele acontece. Quando a gente lança um disco, é muito parecido com o que era 40 anos atrás. Quer dizer, como será que esse disco vai ser recebido? As pessoas vão gostar? Vão entender? Eu acho que é tudo um processo que acaba motivando a gente a estar aqui ainda com tanta garra e vontade.
Sérgio: Fúria! [risos]
Tony: Fúria! [risos] você matou aí!

Perfeito! [risos] e pensando na longevidade da boa música que vocês fazem, com tanta coisa que já foi conquistada, ainda restam muitos sonhos que vocês gostariam de realizar tanto na indústria musical como também em relação ao público e aos fãs?
Sérgio: Não sei se são bem sonhos, mas eu acho que é como eu te falei, acho que talvez a maior missão seja se manter produtivo assim, né? Pelo menos eu, pessoalmente, acho isso, de continuar produzindo, porque isso, pra mim, é uma fonte de prazer muito grande. Eu acho que essa coisa do trabalho virando uma coisa burocrática e sem graça é algo que me assusta. Eu sempre luto para que isso não aconteça, pessoalmente, com algo que eu amo tanto. Minha paixão de adolescente era ter uma banda de rock, viver de música e a gente realizou esse sonho, então eu quero, na verdade, ficar atento para preservar isso.

Tony: É, e você sabe, Katielly, esses sonhos realizados, não é assim: você realiza um sonho e aí agora ele ficou realizado pra sempre. Então, quando a gente por exemplo fez sucesso com “Cabeça de Dinossauro”, que vimos que tínhamos feito um disco que estava fazendo sentido para as pessoas, que virou um disco importante para elas, aquilo foi um sonho que se realizou. Mas imediatamente, passa três, quatro meses, você já quer realizar aquele sonho de novo com outro disco, sabe? Então esses sonhos que se realizaram, a gente tem vontade de realizar eles de novo [risos]

Sérgio: É porque você acorda deles, né? Você vai acordando desses sonhos [risos]
Tony: [risos] então a gente tem um sonho que o “Olho Furta-Cor” seja tão importante, que cause tantas boas emoções quanto o “Cabeça de Dinossauro”, o “Õ Blesq Blom”, então esses sonhos, a gente tem vontade de ficar realizando eles sempre, né? Não tem essa ideia de se acomodar no que já foi, sabe? Não pra nós, pelo menos.

Sei e entendo perfeitamente como é! Eu não sei se a gente tem tempo pra isso, mas eu queria puxar pra uma música em específico, que é “Apocalipse”…
Tony: Fica à vontade!

Vocês contam com, eu diria, uma participação especial?! Eu já li a respeito, mas queria saber se vocês podem contar e explicar um pouco para o público sobre aquele coro de crianças, que inclusive ficou muito bonito.
Tony: Ah, que legal!
Sérgio: O coro das crianças… eu vou falar dessa vez, o Tony tá sempre falando, agora eu vou falar só pra dar uma variada.
Tony: Fala Brito, fala, fala, fala [risos]
Sérgio: O coro das crianças, nós resolvemos e tivemos essa ideia um pouco porque a música é uma canção amarga, que fala de devastação, do Apocalipse. Então nós achamos que isso, cantado em vozes de criança, talvez desse um ar esperançoso pra música também, né?

Então achamos que ia ficar bacana e a gente contatou o Instituto Anelo, que é um instituto com o qual a gente já colabora há alguns anos. A gente fez com eles a versão de “Epitáfio” junto com alok e toda a renda desse dessa gravação reverte para o instituto, então a gente tem tido uma relação com eles de parceria que vem atravessando os anos.

E só para esclarecer, eles são um instituto que trabalha com inclusão social através da música, então eles ensinam gratuitamente as comunidades carentes ali, ensinam instrumentos e tal. Muitas dessas pessoas se profissionalizam ou passam a dar aula no próprio instituto. É uma ideia maravilhosa, genial. A gente resolveu chamar eles, inclusive, para dar um pouco mais de espaço, palanque pra eles e pra essa iniciativa tão maravilhosa.

Então a gente falou com o Lucas, que é o diretor do instituto, e ele falou “pô, claro, acho maravilhosa a ideia” e já contatou a Júlia, que coordena o coral. Ela selecionou doze crianças para fazer a gravação, eles ensaiaram… São crianças muito eficientes já, musicalmente bem desenvolvidas, cantavam facilmente, a gravação foi maravilhosa, num astral incrível. A gente foi até Campinas fazer, então foi um momento incrível. Eu acho que casou com uma luva e fechou com chave de ouro a música e o arranjo dela. Ficou maravilhoso.

A minha penúltima pergunta eu gostaria de devolvê-la a vocês, de emprestar o meu lugar do jornalista e saber se tem alguma curiosidade, algum detalhe sobre “Olho Furta-Cor” que vocês gostariam muito de falar e que ninguém ainda tenha perguntado. Fiquem à vontade. Me deem uma exclusiva! [risos]
Tony: [dá uma gargalhada]
Sérgio: Ninguém tenha perguntado… vai ser difícil porque a gente já falou pra caramba! [risos] mas eu posso falar de uma coisa que foi pouco falada, você até falou sobre, que é “Papai e Mamãe”. Essa história que ela fala, entre aspas, de uma adolescente, de alguém que está isolado do mundo, que tá procurando se descobrir. Essa história da adolescência, né, como o Bial bem fala, que é crescer, sinônimo de crescer, então qualquer um de nós pode estar nessa situação, né?

A pandemia e a situação de isolamento acho que causou muito isso, muitas pessoas passaram a vivenciar isso, dessa maneira um pouco traumática e tal, mas esse olhar para dentro, acredito eu, que nem sempre é para o mal. Acho que muitas vezes você sai, você se reinventa nesse mergulho dentro de si, embora haja sofrimento e tudo, eu acho que você se descobre, descobre o seu caminho, e eu acho que a intenção da música é essa. Ela tá falando isso. Acho que quem passa por essa experiência no fundo tem essa noção de que esse mergulho para dentro pode ser benéfico.

Tony: Bem legal. Bom, eu não teria nada a acrescentar, eu só acho que você pode dar uma exclusiva, um furo no sentido de que é como uma sessão de psicanálise. Quando você trouxe a “fúria” aqui para a nossa conversa, né, a gente descobriu aí um novo… Uma revelação pro nosso som, pro nosso trabalho, então você tá de parabéns! [risos]

A palavra-chave! Muito obrigada, eu fico feliz! [risos]
Tony: A palavra-chave! [risos]

Para finalizar, vocês poderiam deixar uma mensagem especial para os leitores da Nação da Música e para todo mundo que acompanha o trabalho do Titãs há tantos anos e que está ansioso para ouvir o novo álbum?
Sérgio: Bom, galera aí do Nação da Música, queria deixar um abraço para todos vocês e pedir que ouçam com cuidado e atenção esse disco que a gente tá lançando porque nós realmente colocamos a alma aqui, muita energia para fazer e acho que é um disco que vale a pena ser ouvido.
Tony: É isso aí, pessoal da Nação da Música! Estamos juntos na mesma nação! Fazemos parte dessa nação e recomendo a todos o “Olho Furta-Cor”, o disco que a gente colocou realmente as nossas melhores intenções e toda a nossa energia para gravar um grande disco e eu acho que conseguimos fazer isso. Quero aqui dividir com vocês, colegas da Nação da Música.

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Katielly Valadão
Katielly Valadão
Jornalista apaixonada por palavras, cultura e entretenimento.