Entrevista: Beth Ditto fala sobre novo disco, carreira solo e ativismo

Beth Ditto
Foto: Reprodução/Facebook

Beth Ditto é uma cantora conhecida não só pela sua incrível voz, mas também por defender diversas causas. Depois de muitos anos atuando na banda Gossip, ela vem agora com um álbum que dá o pontapé inicial em sua carreira solo, intitulado de “Fake Sugar”.

A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Beth sobre essa nova fase de sua vida profissional, uma possível vinda ao Brasil e também sobre ativismo.

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Entrevista por Maria Victoria Pera Mazza.

————————————————————————————————————— Leia a íntegra

Seu novo álbum, “Fake Sugar”, tem letras bem fortes sobre amor, relacionamentos e a vida em um geral, mas ele também é bastante energético e dançante. Quais foram suas inspirações para esse resultado final?
Beth Ditto: Você nem sabe o quanto é difícil responder isso. Às vezes, minha inspiração é qualquer coisa que saia da minha mente naquele momento, então, acredito que grande parte disso é apenas viver mesmo. Também quando estive em Gossip, quando eu tive alguma relação. Quando estou fazendo algo eu nunca sei sobre o que é até que esteja pronto e tem vezes que nem pronto eu consigo identificar isso.

O que eu acho mais legal de conversar com os jornalistas como agora é que, quando eles ouvem, aquilo o que eles tiram dessa experiência também é uma verdade. É o que conta. Também tem o fato de que as outras pessoas estão ouvindo o álbum mais do que eu, então, eles acabam sabendo mais sobre ele do que eu, o que é engraçado. E quando você revisita aquilo de novo, o significado sempre pode mudar com o tempo.

Depois de passar tanto tempo em uma banda, o que estar em uma carreira solo mudou em sua vida? Você sente que consegue ser mais criativa a respeito das suas próprias coisas?
Beth Ditto: Criativamente é a mesma coisa. Eu aprendi a escrever músicas com Nathan e a forma que escrevíamos juntos é a mesma que escrevo hoje com outras pessoas. Às vezes tem um som de guitarra, som de piano, escrevemos em cima disso. Então, acaba não mudando muito nesse sentido. Eu não me sinto com mais liberdade porque eu também me sentia dessa maneira antes, éramos em três e todos tínhamos um trabalho a fazer na banda e meu trabalho continua exatamente o mesmo.

Mas acredito que a maior diferença, a mais louca, é que me encontro falando sobre mim mesma com mais frequência. Éramos três e falávamos sobre cada um de nós e nossas relações para fazer um disco. Agora sou eu e minhas relações para fazer um disco. Então, acabo refletindo mais sobre minha vida do que eu estava acostumada (risos).

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Saindo da parte musical para a visual, como é para você gravar videoclipes? Não é algo fácil para qualquer um estar na frente das câmeras e atuar, mas você parece sempre tão confortável. Realmente se sente assim?
Beth Ditto: Sim, acredito que seja uma das partes mais divertidas, eu sempre fui uma criança que adorava fazer esse tipo de coisa. Quando Gossip começou e as pessoas começaram a nos fotografar, eu notei que, quanto mais dificuldade a gente apresentava para aquilo, mais o trabalho era dificultado. Então, comecei a me sentir confortável quando um fotógrafo ia fazer as fotos, comecei a me sentir confortável nas entrevistas… Eu apenas aprendi como fazer isso e tornar mais fácil para todo mundo em vez de tornar tudo difícil. Sabe quando você está fazendo uma entrevista e a pessoa não fala nada? Não é legal, né? Se você colabora com o trabalho, conversam sobre o que ambos querem fazer, isso se torna um projeto e te faz sentir confortável. Eu decidi que se isso seria parte do meu trabalho, eu começaria a gostar. Torna tudo muito fácil e divertido.

Eu imagino que seja muito legal mesmo! Acho que gostaria de fazer um videoclipe qualquer dia desses.
Beth Ditto: Você tem que fazer! A parte mais divertida é que todo mundo pode fazer isso! É muito divertido.

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Quem sabe, né? Bom, você já esteve no Brasil uma vez com Gossip. Alguma chance de trazer o “Fake Sugar” para nós?
Beth Ditto: Sim! Estamos planejando isso e estamos conversando sobre fazer uma turnê. Não tenho certeza de quando, mas eu quero muito ir para a América Latina, muito mesmo. Está na minha lista de prioridades. Mal posso esperar por isso!

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Você nunca teve medo de defender e lutar por aquilo que acredita, mas mesmo que a gente veja as pessoas sendo mais tolerantes, às vezes parece como se estivesse regredindo. É difícil levantar tantas bandeiras principalmente por você ser uma pessoa pública?
Beth Ditto: A coisa mais importante pra gente entender é que as pessoas que estão no poder não têm o poder. Temos que pensar nisso quando começarmos a nos sentir sem esperança. A pressão é uma ferramenta para o poder, medo é uma ferramenta para o poder, e se começarmos a nos sentir assim e desistir do poder que nós temos, é exatamente o que o sistema quer da gente. A única maneira para mim, pessoalmente, para me sentir esperançosa é não deixar esses pensamentos negativos sobre o meu corpo, minha situação financeira, o lugar que tenho na vida e minha inteligência acontecerem. A única maneira de acabar com isso é parar de pensar dessa maneira. No minuto que você começar a sentir algo negativo, você deve dizer um “não” bem alto. “Eu não vou deixar isso me derrubar”.

Sim, você pode estar triste, com raiva e com medo, mas ainda temos que lutar contra essas coisas, nos conectar e procurar por outras pessoas que estão lidando com essas coisas. É como você disse, parece que estamos regredindo no tempo, muitas pessoas se sentem assim. Mas nós temos que cuidar um dos outros, se respeitar, se ouvir e caminhar para frente. Acho que a maior ferramenta que o capitalismo e o sistema em que vivemos hoje tem é o de dividir e conquistar. Segregar os diferentes tipos de pessoas e separar comunidades. Quando entendermos que todos nós estamos lutando a mesma luta e tentarmos nos colocar no lugar do outro, as coisas podem começar a funcionar. E é o que eu penso sobre o ativismo, às vezes você está lutando por uma mudança que você não verá efetivamente em sua vida, mas sabe que isso afetará alguém, mesmo que isso demore dez anos. É por isso que você tem que continuar, não é sempre por você, também é para outras pessoas e isso é o que me faz continuar.

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Eu estava lendo sobre a sua linha de roupas, mas vi que você não tem a intenção de continuar com ela… Tem mais algum projeto em mente que não tenha foco musical?
Beth Ditto: Eu acabei de fazer um filme, então, atuar talvez? Eu não sei. Música é o que acontece de maneira fácil para mim e é o que eu sinto prazer fazendo. Eu gostava da minha linha de roupas, mas a parte de negócios é muito difícil, não foi aproveitável. Antes que a coisa fosse pra valer eu já decidi parar com ela. Essa parte da minha vida simplesmente não funcionou. Mas qualquer coisa que eu faça além da música nunca é tão divertido e é ela que me faz sentir em casa.

Nesse seu novo álbum tem uma música chamada “We Could Run”. Se você realmente tivesse que fugir para algum lugar, qual escolheria?
Beth Ditto: Dinamarca? (risos). Talvez a Islândia? Para esses lugares que eu fugiria… Tem que ser um lugar frio!

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Poderia deixar um recado para os seus fãs brasileiros e que acompanham a Nação da Música?
Beth Ditto: Gostaria de pedir mil desculpas que nós cancelamos tantos shows, mas eu prometo que estarei aí com o “Fake Sugar” e eu espero que todo mundo possa ir. Estou muito animada para ir ao Brasil. Também gostaria de dizer para as pessoas não perderem as esperanças. Não precisamos sentir que estamos regredindo, estamos caminhando para frente! O passado sempre continuará lá para aprendermos, temos que nos manter conectados, esperançosos e sempre lembre que alguém por aí te ama muito e nós temos que continuar.

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Maria Mazza
Maria Mazza
Formada em jornalismo, considera a música uma de suas melhores amigas e poderia facilmente viver em todos os festivais. Bandas preferidas? McFLY e Queens of the Stone Age.