Entrevistamos O Terno sobre disco novo, Rock in Rio e próxima turnê

O Terno
Divulgação

Na última terça-feira (23), a banda O Terno liberou nas plataformas de streaming o seu mais novo álbum da carreira, intitulado “<atrás/além>”. Este é o quarto trabalho de estúdio do grupo, sucedendo “Melhor Do Que Parece”, de 2016.

O disco possui 12 faixas, entre elas uma parceria com Devendra Banhart e Shintaro Sakamoto em “Volta e Meia, e o coro de Tulipa Ruiz, Maria Beraldo, Ana Frango Elétrico, Maria Cau Levy e Luiza Lian em “Bielzinho/Bielzinho”.

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O vocalista Tim Bernardes contou para a Nação da Música mais detalhes sobre o processo de composição e produção de “<atrás/além>”, o que esperar do show no Rock in Rio com o grupo português Capitão Fausto e também sobre as parcerias do disco.

Entrevista por Marina Moia.

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————————– Leia na íntegra:
Oi Tim, tudo bem? Um prazer falar com você. Como tem sido esses dias pós-lançamento do disco, depois de colocar esse filho no mundo?
Tim: Estou bem animado! Está muito legal tanto as respostas do público como os números de plays. E estamos ensaiando pros shows também.

Com o lançamento, vocês oficialmente fecham o ciclo do disco anterior “Melhor Do Que Parece”. O “<atrás/além>” possui uma sonoridade bem diferente do anterior. Essa mudança no som veio propositalmente ou simplesmente foi acontecendo conforme a criação e produção do trabalho?
Tim: Acho que foi acontecendo mais naturalmente mesmo. A gente já estava cada vez mais se interessando por coisas mais íntimas assim e acho que meu disco solo “Recomeçar” explorou bastante essa coisa mais orquestral.

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Nesse disco, “<atrás/além>”, as coisas se encontram, tanto a banda, do trio tocando, e da canção mais solitária, com orquestra. É uma das coisas que a gente explorou nos últimos tempos.

Como funciona a dinâmica entre vocês três na hora de criar um álbum?
Tim: Normalmente eu chego pros meninos com as canções. Os outros discos foram mais uns compilados de canções, que eram mais variadas, com uma música de cada jeito e propositalmente apostando nisso.

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Neste foi diferente porque as músicas que eu tinha composto, eram todas sobre um assunto, sobre um momento, isso da virada pra vida adulta, essa etapa da vida. Uma etapa que inclusive passamos todos juntos, nós três, nesses 10 anos de banda. Então é um disco com uma temática, mais conceitual.

Eu mostrei pra eles e fomos pras férias cada um com as músicas, no violão e voz, para ouvir. Depois a gente voltou e começou a filosofar juntos sobre como a gente deveria tocar essas músicas, que é muito um cuidado e uma vontade de não exagerar na mão, sabe? Saber ser econômico, ser minimalista. A gente testava muita coisa pra chegar em opções muito econômicas. Colocar pouco coisa, mas bem colocadas, com espaços para orquestra.

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A gente começou a ensaiar, tocar as músicas, ficamos alguns meses nisso. Depois fomos pro sítio do Gui Jesus Toledo, que foi quem gravou o disco. Ficamos ensaiando lá e já gravando. Uma música ou outra já valeu ali. Gravamos juntos, tocando na sala do sítio mesmo.

Depois voltamos pro estúdio e ficamos mais uns dois meses gravando as bases das músicas. Eu fiquei mais dois meses depois gravando os arranjos com os músicos de cordas e depois mais dois meses mixando.

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Para você, como compositor, existe diferença na hora de escrever músicas que irá cantar solo e músicas que serão da banda? Como faz essa “separação”?
Tim: Eu escrevo primeiro e depois eu tento imaginar. Algumas vezes eu escrevo e já sinto. “A Culpa”, do disco anterior, na hora eu já pensei que essa era d’O Terno e já imaginei a gente tocando. Outra música, “Não”, que está no meu disco solo, eu fiz enquanto a gente tava no processo do disco d’O Terno e pensei “nossa, essa não cabe na banda”. Então às vezes é claro que uma é pra cá e outra pra lá, depois que eu termino de compor.

Mas muitas estão num lugar, num meio de caminho, que poderiam ganhar uma roupagem num projeto e outra no outro. Esse disco especificamente é um disco que está muito num ponto entre o solitário e o coletivo. É um disco desses contrastes.

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Acho que o conceito trouxe ele pr’O Terno e não pra um disco solo. O conceito como um todo é muito um disco d’O Terno, que está conversando não só internamente em questões pessoais, mas levando questões pessoais para uma reflexão pra geração.

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Como surgiu e como foi gravar as parcerias com o Devendra e o Shintaro? E também com o coral de vocalistas em “Bielzinho/Bielzinho”…
Tim: No caso do Shintaro e do Devendra, a gente tocou junto em 2017, eu acho, num festival na Alemanha, que estávamos todos juntos no lineup. A gente viu o show do Devendra, do Shintaro, eles viram o nosso, e rolou uma admiração mútua naturalmente. Quando a gente teve a ideia e pensou em quem chamar, eles logo toparam, foi muito legal. Fiquei contente porque não foi uma coisa de marketing, de ter que tentar falar com a gravadora. A gente trocou e-mails, eles gostaram da ideia e a coisa fluiu por todo mundo ter gostado da parada.

Esse coro das meninas em “Bielzinho/Bielzinho”, quando a gente estava fazendo a música, já pensamos que tinha que ter um coro. A gente começou a imaginar nossas amigas artistas, cantoras, que a gente queria chamar.

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Convidamos a Ana Frango Elétrico, que é uma compositora cantora carioca que a gente adora e que é bem novinha, tem uns 20 anos. A Luiza Lian, que é uma irmã nossa praticamente, super compositora do nosso selo. A Tulipa Ruiz, que tem maior história [com a banda], já tocamos muito com ela. A Maria Beraldo, que também é do nosso selo, super talentosa, é incrível. E a Maria Cau Levy, que é uma amiga nossa de longa data e é quem fez a identidade gráfica do disco, ela trabalha com isso.

Com quem gostaria de colaborar no futuro? Seja compondo ou cantando junto…
Tim: Tem muita gente que eu admiro, que adoraria fazer coisas [junto], mas não saberia dizer quem ou como as coisas vão acontecer. De quem a gente já falou que temos que fazer algo junto, tem uma banda que é como se fosse O Terno lá de Portugal – a gente tem ido bastante pra lá – e nós temos o público semelhante, falamos de coisas semelhantes, que é a Capitão Fausto.

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A gente foi chamado pra tocar com eles no Rock in Rio e já é uma ideia mais palpável e próxima a gente gravar alguma coisa inédita juntos.

Falando do Rock in Rio, neste ano vocês vão tocar no festival pela primeira vez. Já estão se preparando pra esse show com a Capitão Fausto? Quais as expectativas e o que o público pode esperar?
Tim: A gente foi agora pra Portugal pra começar os ensaios com eles e fazer um anúncio desse show lá, então já tocamos algumas músicas juntos. A nossa ideia pra esse show é que seja um show em que o tempo inteiro tenha as duas bandas no palco, tocando repertório de ambas. Se até lá tivermos coisas que a gente criar juntos, vamos tocar também, se não, é isso. Baseado no disco novo deles e nesse disco novo d’O Terno, só que tocados com arranjos dos oito no palco. É uma viagem.

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Falando em shows, eu tive a oportunidade de ir num show da turnê do disco “Melhor Do Que Parece” e eram apresentações que conversavam muito com o disco e o estilo das canções. Será assim como “atrás/além” também? O que você pode contar do que estão preparando para a próxima turnê?
Tim: Eu acho que vai ser uma tentativa de reproduzir um pouco do clima que esse disco tem, que é mais intimista do que o outro disco d’O Terno. Ele tem uma coisa também se ser pop pelo emocional e não pela porrada exatamente. A gente vai ter um quarteto de sopros com a gente, que vai fazer um pouco esse lado orquestral da coisa, embora nem sempre sejam reproduções exatas dos arranjos do disco. Serão arranjos criados especialmente pros shows. E mesmo canções de outros discos d’O Terno, que a gente vai tocar também, vão estar dentro desse clima. É um show pensado como um espetáculo como um todo.

Gostaria de mandar um recado aos leitores da Nação da Música?
Tim: O recado é que as pessoas ouçam esse disco, que ouçam por inteiro. Colocar o fone de ouvido, deitar no escuro e fazer só isso. Ainda mais hoje em dia que a gente é acostumado a fazer mil coisas ao mesmo tempo. Ter essa experiência de ouvir o disco como um todo até porque ele foi pensado assim. Pra quem gosta de vinil, o LP está em pré-venda e é uma edição especial com LP duplo. Fora isso, a gente se vê nos shows! A gente vai começar a turnê agora em maio por São Paulo e Rio de Janeiro e depois em todas as capitais.

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Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.