Entrevista: Phoenix fala sobre o sentimento de tocar novamente no Brasil

Phoenix
Foto: Rafael Strabelli / Nação da Música.

Apenas alguns meses depois de terem lançado o seu novo álbum, o Phoenix retorna ao Brasil para apresentar a sua turnê no festival Popload. “Ti Amo”, que é como foi batizado o disco sucessor de “Bankrupt!”, traz a temática dos tempos difíceis que a sociedade vive hoje em dia, o romantismo e a inocência como resposta a isso e o verão italiano como a maior inspiração artística da banda no momento.

Antes de seu show no festival, que você confere como foi em nossa resenha, a Nação da Música conversou com os irmãos e guitarristas do Phoenix – Laurent Brancowitz e Christian Mazzalai – que contaram sobre as suas origens italianas, “Ti Amo” e o sentimento de estar de volta ao Brasil.

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Perguntas e entrevista feitas por Daniel Sakimoto.

————————————————————————————————————— Leia a íntegra

Já faz um tempo desde a última vez que vocês tocaram no Brasil. Estão curtindo a visita novamente? O que mudou no Phoenix desde a última vez em 2014?

Christian: Três anos! Nós amadurecemos um pouco. Gravamos um álbum. Levamos bom um tempo para isso, para sentirmos orgulho das novas músicas. Estamos finalmente de volta e muito felizes de estarmos aqui porque da última vez que viemos fazer show aqui a plateia foi muito épica. E esse lugar é lindo. Estamos muito felizes.

Laurent: O sol está aqui. Em Paris é muito frio então nós aproveitamos ainda mais a beleza da cidade.

O novo álbum de vocês, “Ti Amo”, é o trabalho mais romântico que vocês já fizeram e, ao mesmo tempo, também é sobre os tempos sombrios que estamos vivendo. Seria ele sobre encontrar amor em um mundo sem esperança? Como foi esta combinação de conceitos?

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Laurent: É sobre inocência sendo a única opção, eu acho. Nós procuramos acreditar na inocência e em sentimentos simples, puros e aconchegantes. Eu acho que essa foi a solução que achamos durante os anos. Talvez a gente evolua mais e encontre uma outra solução em alguns anos. Eu não sei, mas agora esse álbum é a nossa resposta.

“Ti Amo” é também um disco feliz, com canções que transmitem vibes boas. Vocês acreditam que tempos difíceis fazem música feliz?

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Laurent: Sim, eu acho. Bem, depende do artista mas nós sempre tentamos transformar a realidade em outra coisa e eu acho que quando os tempos são difíceis e a música é feliz, isso dá à música profundidade. Sabe, dá um sabor, intensidade. Isso faz interessante o artista que faz música feliz. Quando você vive em tempos felizes e faz música feliz é horizontal demais. Dá pra sentir a melancolia na felicidade, entende?

O álbum tem muitas referências à Itália como “Michelangelo”, “gelato”, e várias faixas com nomes em italiano. O que é tão importante na Itália para o Phoenix?

Laurent: Para nós [Laurent e Christian], é o país de nosso pai porque ele é italiano, então é o país onde passávamos alguns feriados de verão. Mas também é um país onde a cultura é muito rica e não é muito explorada pela música pop, sabe? Então nós amamos achar coisas que seriam obscuras e tentamos explorar isso.

Vocês curtem música italiana?

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Laurent: Sim, nós amamos! E também os filmes italianos.

Christian: Filmes e comida italiana!

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Laurent: É um país com o estilo de vida muito artístico. Comida, relacionamentos, arquitetura, tudo é muito artístico.

Bom, vocês são da França, cantam em inglês e acabaram de lançar um disco com muito do idioma italiano. Que outras línguas vocês ainda gostariam de experimentar? Português, talvez?

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Christian: Nós adoramos Português. Adoramos artistas brasileiros, muitos deles. Então sim, amamos, é um idioma lindo para usar em melodias.

Laurent: É verdade!

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Christian: Na França tentam cantar canções do Tom Jobim mas não é tão bom em inglês. Quando tentam fazer isso, não é tão bom quanto o Tom Jobim.

Vocês já criaram trilhas sonoras para filmes da Sofia Coppola e fizeram para o novo filme dela “The Beguile”. Filmes são uma inspiração para o Phoenix?

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Christian: Cinema em geral? Sim, sim.

Laurent: Nós amamos assistir filmes enquanto estamos produzindo músicas. Nós não escutamos muita música mas assistimos muitos filmes, eles são muito importantes.

Qual é a diferença entre fazer canções para álbuns e para trilhas sonoras?

Christian: É o contrário, para nós. Porque nós fizemos os dois projetos ao mesmo tempo, o álbum [“Ti Amo”] e “The Beguile”. O álbum era completamente aberto e o filme era o mais restrito possível, sem experimentação. Em “The Beguile” ela sabia exatamente o que ela queria para trilha sonora, então foi muito diferente. Os dois são perfeitamente diferentes, mas foi muito bom.

Vocês assistiram o filme antes de fazer a trilha sonora?

Christian: Sim, sim.

Laurent: Sim, vimos. Então foi bem fácil, tentamos algumas coisas e de repente [estalo de dedos] sabíamos que daria certo.

O Phoenix está junto há 20 anos, certo? A maioria das bandas mudam seus membros conforme passam os anos. Qual é a receita secreta para vocês se manterem juntos?

Laurent: Nós colocamos a amizade à frente do sucesso.

Christian: E nós preferimos falhar um pouco do que o sucesso. Não temos medo de não vencer. Dessa maneira, a gente não tá procurando sucesso nós só estamos…

Laurent: Estamos buscando uma aventura.

Christian: Uma aventura e sermos artistas totalmente livres e independentes. Assim a gente ainda se sente todos os dias como crianças em relação a música.

No palco, vocês gostam de fazer mashups, como “Sunskrupt!” que mistura as músicas “Love Like a Sunset” e “Bankrupt!”. Em que vocês buscam influência para fazer esta mistura?

Christian: Nós crescemos com samplers, música eletrônica, drum machines e coisas assim. Mashups, colocar duas músicas junto, é parte dessa estrutura de DJ’s. Talvez isso venha daí, eu não sei. É natural, quando você convive com samplers e sistemas eletrônicos fazendo música você acaba tocando com isso para combinar as coisas que não deveriam estar juntas.

Vai rolar um mashup hoje?

Christian: Sim! Sim!

Eu li uma entrevista onde o Laurent diz que a turnê de “Ti Amo” tem algo a ver com “espelhos e dualidade”. Podemos esperar isso do show esta noite?”

Laurent: Nós temos duas versões desse show e uma delas tem esse espelho enorme mas depende do palco que vamos tocar pois ele é muito pesado. Então essa noite não haverá espelho mas todos os outros truques.

Qual é a expectativa de vocês pro show de hoje?

Laurent: Da última vez que tocamos aqui no Brasil foi uma loucura então nós esperamos que seja ainda melhor.

Vocês gostariam de mandar um recado para os seus fãs brasileiros?

Christian: Nós sentimos uma forte conexão com o seu país, como franceses.

Laurent: E nós nos sentimos privilegiados de ter amantes de música aqui que gostem do nosso som. É um grande presente, nós andamos pensando no como somos sortudos porque quando a gente era criança esse era o nosso sonho. Porque quando éramos crianças em uma pequena cidade fora de Paris, a música para nós era muito importante e a gente estava bem distante da cultura. Então poder levar isso para as pessoas de todo o mundo, em seus quartos e vidas, para nós é lindo.

Christian: Especialmente no Brasil pois o nosso pai tinha dois discos brasileiros, João Gilberto e Tom Jobim, e nós crescemos com essas canções. Para nós é mais do que apenas música e só de estar aqui já é um privilégio.

-> Confira fotos do Popload Festival 2017, aqui.

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Daniel Bianchi Sakimoto
Daniel Bianchi Sakimoto
Jornalista e Music Geek. Vive entre o indie e o folk e sonha em conhecer o Glastonbury.