Nesta quinta-feira (18), o cantor Vitor Kley inicia mais uma fase na carreira, com o lançamento do disco de estúdio “A Bolha”, pela Midas Music. O trabalho conta com 12 faixas e participações de Vitão e Jão.
A Nação da Música teve a oportunidade de bater um papo com o músico para saber mais sobre o processo criativo deste álbum, o sucesso de “O Sol” e também sobre os shows que ele fez em Portugal.
Entrevista por Marina Moia.
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————————————— Leia na íntegra:
Oi Vitor! Tudo bem por aí?
Vitor Kley: Opa, tudo bem! Da onde tu é? Você é do interior?
Eu sou de Bauru, do interior de São Paulo.
Vitor Kley: Aaaaaah sabia, sabia, sabia! [risos]
Pelo sotaque?
Vitor Kley: É, pelo sotaque forte! É massa!
Acaba sendo forte mesmo. A gente até tenta disfarçar, mas não tem jeito…
Vitor Kley: Não! Nem tem que disfarçar, que nada! Tem que falar do jeito que é mesmo.
Ainda está de quarentena? Como está sendo esse período pra você?
Vitor Kley: Está sendo bastante reflexivo e to aproveitando bastante a família, mas é foda porque tem muita gente passando por dificuldades e estamos tentando ajudar do jeito que a gente pode, com as lives, com as doações. To aqui aproveitando a família, por esse lado tá bom, está sendo bom ficar perto do pai e da mãe.
É um projeto que começou no ano passado, mas que está sendo lançado agora durante uma pandemia, durante a quarentena. Quão diferente é lançar um disco novo durante essa época?
Vitor Kley: É muito louco porque o mundo está muito sombrio, caótico, mas ao mesmo tempo acho que a gente tem que usar o nosso poder, nosso amor, nossa arte, a favor e poder ajudar as pessoas. Então acho que “A Bolha” vai ser um marco histórico pra sempre na nossa vida e na nossa carreira porque a gente consegue ver que em meio a tanto caos, a gente pode ser um pontinho de paz, de alegria, para as pessoas nesse momento. E é isso que a gente quer fazer com “A Bolha”. Que as pessoas se sintam bem em meio à tanta doideira, ouvindo a nossa música, nossa arte.
Como foi o processo de composição e produção desse disco? Não é o seu primeiro e nem segundo disco, então quão diferente foi dos trabalhos anteriores?
Vitor Kley: Bom, eu já fiz oficialmente “Eclipse Solar”, “Luz a Brilhar”, “Adrenalizou”, aí vem “A Bolha”, que são os discos mesmo de estúdio e depois tem outros que são projetos como o “Ao Vivo em Portugal”, “Microfonados”, mas que não tem as músicas inéditas como esses quatro. Foi muito diferente, foi o mais especial de todos, foi o que eu mais me encontrei e foi o que eu mais estive em sintonia com o Rick Bonadio, que é o produtor, foi realmente o álbum que marca o alinhamento dos planetas na minha carreira, na minha relação com o Rick, na minha relação com o meu eu mesmo.
É um álbum que eu não quero ter uma definição mesmo, eu quero que ele seja assim mesmo, que tenha uma música que é um rock, outras que são mais pop, uma que é mais melancólica, outra que é mais classuda, mais pra MPB. Realmente “A Bolha” é uma fase muito especial da minha vida e que eu não mudaria uma vírgula.
Falando da composição, eu escrevi essas músicas e a mais antiga tem quatro anos já e a mais nova foi no final de 2019, quando a gente estava no processo do álbum. São quatro anos da minha vida que se resumem ali. “A Bolha” é uma fase muito grande na minha vida. Em quatro anos as pessoas mudam muito, então acho que é por isso que esse disco tem também essa diversidade musical e também de composição, de poesia.
É um disco muito rico e eu to muito, muito feliz com tudo. É o disco que eu mais me dediquei na minha vida, talvez o projeto que eu mais tenha me dedicado na carreira porque eu realmente entrei de cabeça, tanto no planejamento, como no lançamento, como capa, cores, produção musical junto com o Rick. Tudo isso passou por mim e eu me dediquei 120% [risos].
Você estourou com a música “O Sol”, foi um grande marco decisivo na sua carreira. Como é pra você, como músico, seguir depois disso. Sente muita pressão? Como é?
Vitor Kley: Eu acho que é normal das pessoas terem, no início quando a música estourou, esse pensamento de “ah é o cara de uma música só”. Normal de pessoas que, sei lá, não são muito bem resolvidas e não sei porque fazem essa afronta. Porque fazer uma música de sucesso é uma coisa muito boa, não é algo ruim. Então essa pressão vem de certas pessoas, mas isso passou, já faz anos. Até porque depois veio “Morena”, “Adrenalizou”, “Pupila”, “A Tal Canção Pra Lua”, todas as músicas que foram muito bem.
Esse negócio de “ser uma música só”, essa coisa do “O Sol” já passou. Outra coisa que é muito importante frisar é que “O Sol” é “O Sol”, sabe? Não vai existir outra. Não vai existir outra “Morena”, outra “Adrenalizou”… São músicas que já existem e que eu não procuro fazer músicas iguais. Até porque eu tenho que dar pro meu público histórias diferentes, que eu vivo hoje em dia, então não adianta escrever cinquenta “O Sol”, não! Quero escrever outras músicas, outras histórias, quero que eles conheçam mais da minha vida. Esse álbum realmente conta outras histórias e é uma nova fase.
Essa pressão também é algo muito doido porque no início o cara fica meio preocupadão, ainda está entrando no mercado, e agora nessa fase em que estou, eu estou muito leve comigo mesmo, com o meu eu, estou fazendo o que eu gosto de fazer. Pra mim já é um álbum de sucesso porque eu gosto de ouvir, eu amo ouvir as músicas, amo ouvir as letras, então já estou muito feliz.
Como foi trabalhar com o Vitão e com o Jão nesse disco novo?
Vitor Kley: Foi muito especial porque são pessoas que eu admiro musicalmente, artisticamente, humanamente, porque são seres humanos incríveis. Eu sinto uma conexão muito grande com os dois, tanto musical como de amizade mesmo.
Com o Jão, eu lembro de um episódio legal que tinha uma roda de violão que as Anavitória, os Lagum, Hotelo, outras bandas, a Mari Nolasco até, e o Jão falou de tocar uma dele e eu toquei o violão e a gente cantou junto uma música dele. Ali sentimos uma conexão muito massa e até falamos de fazer um som algum dia, meio informalmente, e aí acabou rolando com “Dúvida”, que eu acho que é especial demais pra ele e pra mim porque eu acho que ele é o cara que tem o controle, tem a sabedoria dessas músicas, do pop mais da sofrência, e quando ele abre a boca, ele já larga um sentimento muito grande. Foi um privilégio ter ele em “Dúvida”.
Já o Vitão, quando eu escrevi “Jacarandá” com um amigo meu lá em Santa Catarina, na hora eu já falei “o Vitão tem que cantar isso aqui porque é a cara dele, eu vejo ele cantando” [risos]. Que bom que os dois toparam. São caras que admiro muito e é uma honra ter eles no disco. Acho que é a união da nossa geração.
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Na entrevista anterior que você deu pra Nação da Música, em 2018, você comentou que gostaria de fazer uma parceria com o Skank, entre outros nomes. E acabou acontecendo, você colaborou com o Samuel Rosa! Gostaria de falar mais algum nome? Vai que acaba rolando de novo depois de jogar assim pro mundo…
Vitor Kley: [risos] Vou falar de novo porque falei uma vez e deu certo, agora falo de novo e vai que… Já deu sorte uma vez, vai que dá duas!
Da música nacional, eu gostaria muito de colaborar com o Armandinho, mas eu entendo e sei que a gente tá esperando vir a música certa, sabe? Tanto o Armando como eu, a gente é muito sentimental e intuitivo, então a gente não vai querer porque querem que a gente faça. Não, a gente quer fazer uma que seja muito a gente, a nossa amizade, o símbolo da gente. É o cara que eu mais quero colaborar, que eu penso agora.
Mas se fosse pra chutar alto, mirar na lua mesmo, nas estrelas. Eu gostaria muito de colaborar com o Ed Sheeran também. É um cara que eu acho que ia me dar muito bem.
Hoje tem uma live beneficente! O que os fãs podem esperar desta live em específico? E como está sendo fazer essas transmissões na quarentena?
[A entrevista foi realizada na quarta-feira, 17, dia da live]
Vitor Kley: Essa vai ser especialíssima porque vai ser a primeira vez que a gente toca as músicas da “A Bolha”, do álbum, então vai ser muito louco. Imagina? O álbum sai meia-noite, mas às oito da noite a gente começa a tocar as coisas que ainda nem estão no mundo, é uma coisa muito louca. Lógico que a gente vai tocar as outras também, mas o foco mesmo é ajudar as pessoas e mostrar o nosso novo trabalho.
O cenário tá lindo, tá super conectado com “A Bolha” mesmo e vai ser um momento muito histórico e marcante porque sinceramente eu não lembro de alguém que tocou as músicas numa live antes das próprias músicas saírem pro mundo. É meio doido, mas ao mesmo tempo eu gosto disso. Bom, eu sou meio doido da cabeça e o Rick também é, o meu irmão também é, todo mundo aqui é feito de uma loucura boa [risos].
Acho que é um presente mega especial pros fãs porque eles estão nesse tédio de quarentena daí de repente nós vamos fazer uma live tocando músicas inéditas pra eles, então acho que vai ser muito especial.
O cenário mudou totalmente com a pandemia. Você faria shows de lançamento, por exemplo. Como você acha que vai ser daqui para frente? Consegue fazer planos?
Vitor Kley: Com “A Bolha”, até como te falei da dedicação não só da minha parte, mas de toda a equipe, a gente já estava com uma turnê pronta, a primeira loja de produtos oficiais tá pronta e logo mais vai pro mundo. A gente já estava com a turnê na manga, com todas as cidades mapeadas, e no segundo semestre seria com essa turnê da Bolha na Europa, em Portugal. A gente teve que travar tudo. Esses planos estão travados apenas porque quando isso passar e a gente tiver o aval de que pode seguir em frente, a gente colocar em prática de novo. Está tudo bem alinhado.
Mas falando do que a gente pode fazer agora, acho que a gente tem que se preocupar em ajudar e somar na vida das pessoas que estão passando por dificuldades muito maiores que a gente. Acho que essas lives estão aí primeiro pra ensinar a gente a se reinventar. O que era nosso show em outros tempos, agora é a nossa live. Podemos ajudar as pessoas e chegar na casa delas com essas lives. Acho que vai ficar um bom tempo assim até tudo passar e a live vai ser como nosso show, pra matar um pouco da saudade. Claro que não é a mesma coisa, mas pelo menos estamos podendo ajudar e passar um pouco a nossa mensagem pro mundo.
Você comentou sobre fazer shows em Portugal, fora do Brasil, e recentemente foi lançado o disco Ao Vivo em Portugal. Qual a sensação de fazer tanto sucesso num país estrangeiro? Como é a recepção dos portugueses?
Vitor Kley: É muito gratificante porque a gente imagina onde a música pode chegar… Eu to te falando isso como se fosse teu amigo, conversando num churrasco, sei lá. Quando fiz “O Sol”, eu não imaginava que a minha vida ia mudar tanto assim, que eu ia tocar em outro país, com outra cultura. Por mais que seja a mesma língua, é diferente. Os termos, as expressões, a educação. Quando isso acontece, você fica como se estivesse voando no meio das nuvens pensando “caraca, velho, isso tá acontecendo mesmo?”
Aí quando você vai tocar a primeira vez, o primeiro sentimento que eu tive foi que ninguém ia estar lá pra me assistir. Quando você chega lá, anda na rua e a galera tira foto e chega no show e tem milhares de pessoas pra te assistir, cantando a música, igual no teu país, você fala “esse sonho é verdade!”.
Se eu pudesse frisar, é uma forma de incentivar as pessoas a viverem os sonhos delas e seguirem em frente. Porque eu sou igual a todo mundo e as coisas aconteceram e elas acontecem assim mesmo de forma natural, claro que com muito trabalho, perseverança e acreditar. Pô, cheguei lá e foi realmente a realização de um sonho e Portugal nos abriu portas pra acreditar que um dia a gente vai tocar no mundo inteiro e esse vai ser nosso maior objetivo daqui para frente.
Gostaria de mandar um recado aos leitores da Nação da Música?
Vitor Kley: Primeiro eu gostaria a vocês, da Nação da Música. Eu estou sempre vendo ali no Twitter, sempre abro as matérias e fico muito feliz com as matérias de vocês, a importância de vocês com a música brasileira e em passar coisas positivas pra galera. Fico muito feliz com as matérias e a preocupação que vocês têm com o meu trabalho. Muito obrigado mesmo.
Pros leitores, aproveitem muito “A Bolha”, a gente está lançando esse álbum especialmente pra que todo esse caos, todo esse momento sombrio que a gente tá vivendo nesses dias – e não to dizendo que fique bem porque não vai ficar tão cedo porque estamos no meio da pandemia – mas eu quero que vocês se sintam um pouco melhor. Que sintam as canções e me sintam perto de vocês. Eu acho que esse álbum é completamente eu. É o Vitor mesmo, então a intenção de ser eu, a minha verdade, é pra quando vocês escutarem, que sintam eu do lado de vocês cantando pra vocês. Quero que seja uma coisa boa em meio a tanto caos. Obrigado pelo carinho de sempre! A gente faz isso porque vocês, os fãs, as pessoas que gostam da gente, existem.
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