Resenha: “A Praia” (2015) – Cícero

Cinco anos separam o novo álbum de Cícero, “A Praia”, lançado este ano, do trabalho de debute do cantor, o famoso “Canções de Apartamento”, apresentado em 2011. Mas não é apenas o tempo que mostra a diferença entre o primeiro e o último (por enquanto) trabalho do cantor. Se em “Canções de Apartamento” tínhamos uma introdução ao mundo do artista, uma apresentação ao seu cotidiano, agora em “A Praia”, que possui 10 músicas, Cícero parece encerrar a excursão sobre sua vida.

O álbum tem uma sonoridade menos eufórica do que “Canções de Apartamento”, porém um pouco mais recheada de instrumentos do que o  segundo álbum do cantor, o simplista “Sábado” (lançado em 2011). Aliás, “A Praia” não poupa alusões ao segundo disco de Cícero. A primeira faixa do disco, “Frevo por Acaso Nº 2” é uma continuação da faixa “Frevo por Acaso” (presente em “Sábado”) e nela, da mesma forma que o disco anterior, o ritmo é calmo, embalado por poucos instrumentos e uma letra cheia de significados.

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A segunda faixa, “A Praia”, que leva o nome do álbum, provavelmente será a música mais “vendável” de todo o disco, embalada pelo piano e bateria de leve quase num descompasso que remete aos primeiros trabalhos do autor. A letra fala de uma mulher, o que leva à terceira faixa do disco, a “Camomila”, que tem o truque de repetição de versos já característicos do cantor. É uma das músicas mais animadas do álbum, e mescla sons de guitarra, que mesmo tímidos na melodia, já dão um toque mais “dançante” ao disco.

“De Passagem” traz uma brincadeira na letra, rimas bem encaixadas´que formam uma música muito doce, com uma melodia de canção de ninar seguida pelo instrumento triângulo, que lembra muito as canções nordestinas.

“O Bobo” marca a metade do disco e é, sem dúvidas, uma das músicas mais parecidas com o primeiro álbum do cantor. Marcada por riffs de guitarra, a música é bem animada e traz aquela mistura de sonoridades característica de “Canções de Apartamento”. Em seguida temos “Soneto de Santa Cruz”, uma das músicas mais fortes de todo o disco, com a voz do Cícero multiplicada em várias camadas com uma melodia que vai aumentando a cada momento. As camadas de voz e a melodia juntas dão um toque de euforia.

Em “Isabel (carta de um pai aflito)”, temos uma pausa nas sonoridades, porém a faixa mescla a voz de Cícero com algumas vozes ao fundo, o que lembra muito o estilo da “Roda Viva”, de Chico Buarque. Mais uma vez o autor abusa das repetições na faixa, já características de seus trabalhos. Em “Albatroz”, temos mais uma vez a guitarra aparecendo, junto com a bateria e o próprio assobio do cantor, o que marca uma das músicas mais animadas em termos de sonoridade. A voz do cantor mais uma vez aparece em camadas, ainda que de forma mais leve do que nas outras canções.

Em seguida temos “Cecília e a Máquina”, quase uma continuação da canção “Cecília e os Balões” (do disco “Canções de Apartamento”), e a faixa é doce, uma canção de ninar com sons do mar, e marca a única participação especial de todo o disco, com Luiza Mayall. Para finalizar a excursão, Cícero termina com a animada  “Terminal Alvorada”, que mescla vários instrumentos, deixando a faixa leve e calma. A música finaliza, de uma forma bem light, o passeio  que o cantor iniciou por sua vida à cinco anos atrás, quando lançou seu primeiro álbum.

Tracklist

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1. Frevo por acaso Nº2
2. A Praia
3. Camomila
4. De passagem
5. O bobo
6. Soneto de Santa Cruz
7. Isabel (carta de um pai aflito)
8. Albatroz
9. Cecília & a Máquina
10.Terminal Alvorada

 Nota: 9

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Lígia Berto
Lígia Berto
Lígia Berto: Aspirante a jornalista que dormiu demais e perdeu a hora para nascer durante a Geração Beat. Desde que entrou na faculdade, não sabe para qual lado atira: literatura, política ou cultura. São 19 anos de indecisão. Para tentar descobrir, escreve sobre os três assuntos em diferentes veículos, entre eles o Nação da Música. Irritantemente obsessiva por sagas literárias e constantemente envolvida por alguma banda britânica.