Nesta sexta-feira (5), Paul Banks nos agraciou com um novo álbum, dessa vez com o projeto formado ao lado de John Kaufman (Bonny Light Horseman) e Matt Barrick (The Walkmen), a banda Muzz.
A amizade deles não é recente. Barrick foi baterista no disco “Anything But Words”, do projeto Banks & Steelz, formado pelo vocalista do Interpol ao lado do rapper RZA (Wu Tang Clan). Kaufman e Banks se conhecem desde a adolescência, tendo estudado juntos durante o colegial, de acordo com informações da Rolling Stone.
O disco homônimo foi produzido pelo trio, junto com D. James Goodwin, que trabalhou com a banda The National na mixagem da música “Turn On Me”, que integra a trilha sonora da série “Game of Thrones”.
Em entrevista concedida à Kyle Meredith, e publicada no site Consequence of Sound, Banks listou Leonard Cohen, Bob Dylan e Neil Young como as principais inspirações para a criação desse trabalho.
As letras são creditadas à todos, mas quem conhece o trabalho do vocalista sabe como suas criações apelam pra um senso mais íntimo e profundo de sentimentos que existem em nós, com “Muzz” não é diferente.
“Bad Feeling” foi o primeiro single divulgado, a princípio sem muito alarde no Soundcloud e mais tarde no Spotify. A faixa traz um tom melancólico e acolhedor ao ouvinte, com letras que transpassam paz e até mesmo perdão, como se o narrador tivesse aceitado todos os seus erros e desse adeus aos “sentimentos ruins”.
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O ritmo de “Evergreen” é destoante da primeira faixa, visto que começa com uma pegada mais eletrônica, levemente distorcida, mas nada que modifique da harmonia geral do disco. Assim como o significado do termo, que pode indicar um sentimento “persistente”, a faixa narra uma angústia constante.
Em entrevista concedida ao ator Michael Shannon (“Pearl Harbor” e “Animais Noturnos”), e publicada na conta oficial do Muzz no Youtube, Paul declarou que ao escrever uma canção ele tenta caminhar pelo subconsciente, utilizando interjeições que não são muito claras, mas que tendem a “causar reações emotivas de alguma forma”.
“Red Western Sky” é a terceira faixa do disco, sendo também o terceiro single divulgado por eles. Nela, a melancolia sai um pouco de cena, com o piano e a bateria marcando uma presença maior e levemente mais enérgica ao disco. O narrador pede uma orientação, algo pelo qual ser devoto e que dê sentido ao que ele sente/deseja.
O clipe dessa faixa (assim como o de “Knuckleduster”, sobre a qual falaremos em breve) foi gravado no American Treasure Tour Museum, que abriga inúmeras coleções de itens como câmeras, caixas de som, brinquedos, carros clássicos, bonecos, entre outros.
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A combinação melódica de “Patchouli” lembra o estado submerso em que nos afundamos, quando nos perdemos muito tempo em nossas cabeças e geralmente criamos cenários e conversas, o que não é muito diferente nesse caso já que “Is this ever deadly?/She said/”Wait and see”.”
Com “Everything Like It Used To Be” sentimos a influência do folk rock para a banda, é onde entendemos como Neil Young se encaixa nessa obra. “Broken Tambourine” foi o segundo single lançado por eles, com um belíssimo clipe retratando a solidão de um astronauta e muito possivelmente a saudade que ele sente de casa; “I know which way to leave/Despite all my choices/High on everything”.
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Quando prestamos atenção na letra de “Knuckleduster”, podemos lembrar das inúmeras manifestações políticas que tem acontecido ao longo dos últimos anos (e recentemente também, claro); “Like some alternate ending/The streets are on fire/Riot ascending high”.
Aqui, como em “Red Western Sky”, também conhecemos um lado mais animado e otimista do trio, saindo dos melodias mais entristecidas comentadas previamente.
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A melodia evocando um sonho volta a estar presente em “Chubby Checker”, que também narra uma conversa real ou não, vai da interpretação de cada um. E quem estava com saudade do álbum “Julian Plenti is… Skyscraper” de 2009 talvez se sinta abraçado por faixas como “How Many Days” e “Summer Love”.
“All Is Dead To Me” tem momentos orquestrais enquanto o narrador fala sobre a sensação de distanciamento com tudo o que existe ao seu redor, essa noção tem continuidade em “Trinidad”, que teve a versão acústica divulgada recentemente.
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“Muzz” é um álbum muito bem produzido, no qual os instrumentos conversam harmoniosamente entre si; o piano combina com a bateria bem como com o violão e o clarinete, é notável. As faixas são reconfortantes e, de fato, apelam para o lado subconsciente (ao meu ver) citado anteriormente nessa resenha.
Contudo, talvez devessem ter sido melhor organizadas para demonstrar um senso de continuidade, a menos que a proposta final não seja esse tipo de coisa e sim afirmar a inconstância de nossos sentimentos (coisa que, vindo de Paul Banks, eu não duvido muito).
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