Resenha: “The Miseducation of Lauryn Hill”– Lauryn Hill (1998)

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A capa do emblemático ‘The Miseducation of Lauryn Hill’ é a representação do rosto de Hill esculpido em uma escrivaninha escolar / Reprodução

Prestes a desembarcar no Brasil, Ms. Lauryn Hill retorna ao país após seis anos para uma única apresentação na cidade de São Paulo em comemoração aos 20 anos do álbum “The Miseducation of Lauryn Hill” que a consagrou como uma das maiores artistas de R&B da história da música.

O disco lançado em 25 de agosto de 1998, chegou ao primeiro lugar nas rádios e vendeu mais de um milhão de cópias. Ganhadora do Grammy nos prêmios de Revelação, Melhor Música de R&B, Melhor Cantora de R&B e Melhor Disco de R&B, e o principal prêmio: Melhor Disco do Ano. Foi o primeiro álbum de R&B a levar a principal honraria da premiação.

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“Miseducação de Lauryn Hill” é uma declaração de independência, uma carta de rompimento com a rotina de lidar com relacionamentos abusivos e o processo de transição vivido pela cantora entre a infância para a maturidade, da menina para a mulher negra empoderada. Em seu primeiro álbum solo, Laurin Hill entrou no panteão das rainhas tornando-se inspiração para a nova geração de cantores de R&B como Beyoncé, Drake, Alicia Keys e Janelle Monáe.

O primeiro som do álbum, “Intro” é um sino de escola, seguido por guitarras suaves e a voz do professor fazendo a chamada de presença. Essa voz aparece em vários interlúdios ao longo do álbum e pertence a Ras Baraka, educador e atual prefeito de New Jersey. Ao longo da chamada, Baraka cita nome por nome e quando alcança Lauryn Hill, ele a chama repetidamente, sugerindo aos ouvintes que ela não está lá, dando o start inicial do disco.

A música de empoderamento feminino “Lost Ones” abre o disco como um gatilho certeiro colocando seu ex-parceiro como centro e ela no campo de batalha. Baseado no clássico de dancehall de 1982 da Sister Nancy, “Bam Bam”, a música exala a sensação de raiva e orgulho de Hill que usa de beebop ao retratar a dissolução de um relacionamento e suas traições.

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A terceira faixa “Ex-Factor” nos embala na dor definitiva de um relacionamento conturbado, movido pelo soul harmonioso que mescla os dotes aprendidos pela tutora, Aretha Franklin e solos de guitarra de overdub do hit “Concrete Jungle” dos Wailers, sonoridade do sogro, Bob Marley.

Em parceria com um dos maiores guitarristas do mundo, Carlos Santana,To Zion” é uma homenagem ao seu primogênito. Ao toque de guitarra, a música inicia como um hino nacional e como um soldado, Hill dá o grito que retrata o amor de uma mãe pelo seu filho e a luta contra a pressão da indústria para seguir sua carreira e abortar a sua gravidez.

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O primeiro single do álbum, “Doo Wop (That Thing)” é uma mistura de soul, hip-hop e R&B e letra persuasiva em direção à valorização da mulher e sua essência “Mostra a bunda porque acha que é tendência. Minha amiga, deixa eu explicar algo: Não seja uma rocha dura quando você na verdade é uma pedra preciosa”. A música entrou nas top 10 das paradas dos rádios nos anos 90 e resiste ao tempo até hoje.

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As faixas de hip-hop do álbum “Superstar” e “Final Hour” provam que Lauryn é uma letrista habilidosa e perspicaz. Suas barras letais desafiaram os artistas de hip-hop a subir o seu ritmo, em “Superstar” Lauryn Hill compara a perseguição de artistas famosos com Jesus.

Em “When It Hurts So Bad”, ela aprende (dolorosamente) sobre o amor que os outros podem oferecer, onde as batidas destoam, como as batidas do coração que se aceleram ou se abrandam com os compassos da vida.

O tema de “Miseducations” é sobre o coração ferido de uma mulher e as relações abusivas constantes que mescla com a teologia da libertação implícita em cada verso, elevando a carne ao espírito. Na parceria da música “I Used To Love Him” com Mary J. Blige e sua voz em soul adocicado delineia perfeitamente essa miscelânea de beebop e reggae “Ao vê-lo, por vezes,  ao olhar em seus olhos / vejo um homem que perdeu tesouros incalculáveis”, canções que Beyoncé traduz perfeitamente no álbum “Lemonade”: “Porque você machucaria uma mulher que está lutando pela libertação de seu povo?”.

Em “Forgive Them Father” é como uma prece em reggae, e em  “Every Ghetto, Every City” uma influência clara de Stevie Wonder mostrando o reflexo das origens e a cautela sobre os “irmãos e irmãs” que nos rodeiam.

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No clímax do álbum está “Nothing Even Matters“, com D’Angelo. Um dueto sensual que  demonstra habilmente amor e intimidade sem mencionar sexo, em uma batida mais pausada e sussurrada.

Everything Is Everything” apresenta os estilos de piano de um jovem John Legend. Lauryn nos ensina a não se preocupar e ser encorajado, avançar e plantar sementes para a primavera.

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Aos som de piano, a faixa-título “The Miseducation of Lauryn Hill” nos remete ao momento de auto-reflexão e revelação de que todos nós temos força e que devemos definir nosso próprio destino.

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As faixas bônus fecham o álbum com “Can’t Take My Eyes Off You” (um remake do clássico Franki Valli de 1967) e “Tell Him”, é uma oração melodiosa a Deus por um amante perdido.

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Mariana Domin
Mariana Domin
Fé, arte e cultura. Nada é secular, tudo é sagrado.
O álbum "The Miseducation of Lauryn Hill" se tornou um dos maiores discos da década de 90 e marcou gerações de todo o mundo. Munido de letras atuais e uma sonoridade peculiar, o empoderamento feminino foi a marca registrada que o tornou um divisor de águas para o hip-hop e o R&B, escancarando as portas para o celeiro de novos cantores do gênero. Hoje, Laurin Hill comemora 20 anos de uma obra-prima. Resenha: "The Miseducation of Lauryn Hill"– Lauryn Hill (1998)