Entrevistamos Ana Gabriela sobre o álbum “Acústico” e suas parcerias

ana gabriela
Foto: Divulgação

Por mais que Ana Gabriela tenha conquistado seu espaço nas cenas da MPB e do pop nacional, é difícil desassociá-la à época dos covers apenas voz e violão que fazia no YouTube e que, mais tarde, seriam responsáveis por deslanchar sua carreira musical.

Contemplando os fãs que acompanharam essa fase inicial, a cantora lançou em novembro o álbum “Acústico”, em que traz versões mais intimistas dos grandes sucessos de sua carreira, ao lado de artistas como Melim, Deco Martins, Pedro Calais, Elana Dara e Bryan Behr, com quem cantou a inédita “Taça de Vidro”.

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A Nação da Música conversou com Ana Gabriela para saber mais a respeito do conceito e do processo de composição do “Acústico”, desde a escolha do repertório até os nomes para os feats, e o que podemos esperar de próximos projetos para 2024.

Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Oi, Ana! Tudo bem?
Ana Gabriela: Oi, Natália! Tudo bem sim, e com você?

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Tudo bem também! Você está em São Paulo?
Ana Gabriela: Estou em São Paulo sim. Eu moro em Barueri atualmente, mas eu estou me mudando para São Paulo de novo, porque assim, pós-pandemia tá meio caótico, porque as coisas estão voltando, né? Então tenho que ficar mais próxima do aeroporto, da galera.

Não tem jeito, né? São Paulo tem que morar aqui por perto mesmo para conseguir chegar nas coisas.
Ana Gabriela: Sim, porque dentro de São Paulo você já está a uma hora de São Paulo.

Sim! O meu normal de transporte público – que é a minha realidade – é uma hora pra mais. Ana Gabriela: É muito doido quando eu vou pro interior ver a minha família, e minha mãe fala “nossa filha, e o lugar é longe, fica a 20 minutos daqui e pra pegar o Uber fica R$ 13”, eu fico “nossa, que realidade maravilhosa, meu Deus!”.

Nossa, meu sonho da vida essa realidade! (risos). Bom, podemos começar nosso papo?
Ana Gabriela: Claro, vamos falar.

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Pois bem, eu vi que no mês passado você lançou o álbum “Acústico”, que revisita sucessos da sua carreira, trazendo versões mais intimistas e justamente mais acústicas. Como surgiu a ideia desse projeto?
Ana Gabriela: Então, todos os artistas que eu escutava quando eu era mais nova tinham esses acústicos, esses shows ao vivo, e eu acho que sempre passa uma outra energia do gravado. O ao vivo traz uma coisa, mais de um sentimento, e é isso que inclusive eu tenho escutado muito das pessoas. Então, pra mim sempre foi uma vontade própria de ter algo ao vivo que as pessoas pudessem sentir, principalmente quem nunca teve a oportunidade de ir no show. Acho que elas conseguem ter essa sensação ouvindo no fone de ouvido ou assistindo pela TV. Enfim, sempre foi uma vontade muito própria. O “Acústico” é meu terceiro álbum, né, mas agora que eu já tenho muitas músicas – inclusive no show eu to tendo que começar a tirar as músicas, porque senão vai ficar muito grande (risos) – eu consegui fazer um álbum com 15 faixas das músicas que eu mais amo, que eu escrevi, que me deram de presente, que as pessoas gostam. Eu acho que realmente ficou um álbum muito, muito redondo e exatamente da forma que eu queria.

Eu vi no seu Instagram, pouco antes do lançamento, que você comentou muito sobre as expectativas justamente das expectativas pra que as pessoas sentissem tudo o que você sentiu revisitando essas músicas e trazendo essas versões. Agora, com mais ou menos um mês do álbum já lançado, como você sentiu a recepção do público?
Ana Gabriela: Cara, é exatamente isso, eles estão sentindo a energia que eu queria passar, principalmente nos feats. O nosso primeiro single do álbum foi uma música que já tinha sido lançada, que é com Melim, que é “Não te largo, não te troco”, ela veio do meu álbum, “Ana”, de 2020, e quando a gente lançou, mais pessoas sentiram. Falaram que no álbum sentem uma energia, mas no acústico parece que a energia está viva ali. E eu acho que realmente estava vivo ali, no ambiente e com os músicos da banda, a galera que estava trabalhando, a galera da câmera, o tanto que eu me doei e fiquei muito tempo realmente me preparando para esse momento. Então eu acho que eles conseguiram sentir o que eu queria passar de ser a Ana ao vivo.

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Eu diria que eu sou muito sentimento, eu sou muito intensa, e acho que eles conseguiram sentir essa intensidade que eu falo nas letras. Rolou muito sentimento naquele acústico e as pessoas estão tendo de volta esse sentimento que eu consegui levar, e pra mim é realmente uma coisa muito diferente quando você vê algo ao vivo. Às vezes você pode nem conhecer a pessoa ou a música do artista e acaba virando fã por um show que você assistiu sem antes conhecer. Acho que o “Acústico” trouxe muito isso. Está tudo muito bonito, os arranjos estão muito bonitos; a gente fez outras versões para as músicas que já haviam sido lançadas, mas dando essa repaginada e mostrando que a MPB vive, e que a MPB nunca vai deixar de ser a MPB. Eu não consigo nem parar de sorrir falando desse álbum (risos), porque realmente é meu álbum favorito da vida, que eu já lancei. Estou muito feliz com ele!

Você estava comentando de acústicos e tudo mais, eu adoro álbuns e versões acústicas. A MTV tinha uns muito bons, acho que tipo do Kid Abelha (que eu amo muito), do Charlie Brown Jr. Tem algum acústico que marcou muito a sua vida?
Ana Gabriela: Cara, tem vários, vários, vários. Mas falando exatamente do Acústico MTV, foi exatamente a sonoridade que a gente quis passar e acho que chegamos muito próximo a isso, porque quando as pessoas escutam acústicos, elas pensam que é um voz e violão, não que a gente consegue fazer um acústico com uma banda maior. O do Charlie Brown Jr. foi um que realmente me pegou muito. Eu sou muito fã dos caras, é absurdo o que o Chorão escrevia, o que ele passava; ele conseguia falar de amor, criança e política na mesma música, era surreal. O da Cássia também me pegou muito. Eu achava que ela era muito ela no palco, e nesse acústico ela não sai da cadeira, e ao mesmo tempo você sente uma energia nela que é total de respeito, que é uma coisa que eu vou sempre estar em busca na minha vida.

Acho que esses dois são os que marcaram bastante o momento em que eu estava descobrindo que eu gostava muito mais de música do que eu pensava; era um momento em que eu não fazia nada, não lavava uma louça, não varria uma casa, não acordava, não andava de ônibus, sem estar escutando música. Esses dois artistas, principalmente nesses acústicos, me mostraram o que eu queria fazer, e agora, esse lançamento me mostrou o que eu queria de banda, de performance e de cenário. Eles me trouxeram muita inspiração.

Um pouco antes você comentou que agora você está nesse momento de ter tantas músicas que tem até que tirar do repertório do show. Mas pra escolha da tracklist desse álbum, qual foi o critério?
Ana Gabriela: Difícil (risos). Tem música que eu vejo muito no show e eu acho que meus fãs me matariam se eu tirasse do setlist. Então tem muita música que está ali que eu sei que significa muito para muitas pessoas; por mais que todas signifiquem alguma coisa para alguém, seja uma pessoa, sejam mil pessoas. Mas têm músicas que pegam mais o meu sentimento e me descrevem mais. São composições minhas, né? E tem ali algumas muito antigas lançadas no álbum “Ana”, por exemplo, que eu escrevi em 2018, e que eu gosto de relembrar o jeito que eu escrevia, o jeito que eu falava sobre amor. Não que agora eu escreva de forma diferente, mas eu vejo o amor de forma diferente, sabe? Então eu gostei de dar essa repaginada e cantar essas músicas, porque, por mais que eles estejam no show, muitas pessoas vão poder escutar e levá-las de uma forma diferente, porque no momento que eu escrevi, eu cantava de um outro jeito. Às vezes eu realmente estava sofrendo ali, hoje em dia eu vejo que a música é triste, mas cara, eu to bem, sabe? Tipo, eu passei por esse momento de tristeza ou enfim, a felicidade passou quando eu escrevi aquela música, e é bom reviver esses momentos, lembrar o que eu estava sentindo, lembrar o momento que eu estava escrevendo. Tem músicas muito específicas que eu lembro de estar na minha casa em São Paulo, escrevendo na sacada. Tem música que eu realmente acordei às 4h da manhã e o primeiro verso da música era “isso era 4h da manhã”.

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Então, tem muita coisa ali que é muito importante, e acho que eu fui exatamente nas que pegam mais meu coração, as que eu vejo que são mais gritadas no show, as que eu vejo que tem pessoas sorrindo, pessoas chorando, pra realmente trazer um sentimento único. E o que eu to escutando muito das pessoas também é que ficou muito redondo; se a pessoa me escuta há muito tempo, é muito difícil ela não saber todas as músicas de cor, então no set tem essa onda que no começo é bem pra cima, o meio já vai abaixando, depois dá uma tristeza (risos) e depois ele volta super feliz. Acho que eu realmente me preparei muito para montar essa tracklist e escolher essas músicas a dedo pra tocar as pessoas de alguma forma.

E nesse processo de revisitar as músicas que você consegue lembrar do que sentiu na época, mesmo estando em outro momento hoje, teve alguma específica que te trouxe talvez esse sentimento um pouco mais aguçado? Ainda mais pensando que o “Acústico” retoma muito essa época do seu começo de carreira, quando você fazia as versões no YouTube, os covers e tudo mais.
Ana Gabriela: Se eu falar que é só uma, eu vou estar mentindo (risos). Tem uma que chama “Por Um Triz”, que sempre me pega muito, porque essa história realmente é uma história real de que eu acordei às 4h da manhã e o começo dela é “isso era 4h da manhã”; eu realmente acordei a essa hora com uma melodia na cabeça e que eu precisava colocar pra fora e numa madrugada eu acabei escrevendo. Ela me pega muito, porque eu vejo que muita gente consegue se conectar com essa música e com sentir algo sem conseguir falar o que, então, de alguma forma, eu consegui traduzir esse sentimento. Também “Segredo”, que foi um dos singles do álbum “Degradê” e foi o primeiro samba que eu consegui fazer. Foi um samba rock que eu escrevi pensando no Seu Jorge, e eu escutei muito, muito, muito ele pra entender o que ele falava, do que ele gostava de falar, o jeito que ele gostava de falar. Essa música sempre me pega por ser a primeira que eu fiz sobre um samba e consegui colocar ela no álbum, e tanta gente acaba gostando.

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Tem “Capa de Revista” também, que foi uma música que, apesar de ser muito feliz, o momento que eu escrevi foi um pouco complicado, porque foi na pandemia. Eu lembro de estar na casa de alguns compositores amigos meus e a gente estar espalhado num quintal enorme, todo mundo de máscara, conversando super longe. A música é muito pra cima, mas foi escrita num momento muito particular pra cada um, e realmente é muito difícil ver as coisas boas que aconteceram na pandemia. Então apesar de ser uma música bem feliz pra mim, ela tem um lado muito triste também de relembrar esse momento, e pensar que agora a gente está podendo se abraçar, está podendo, enfim, estar feliz fazendo show. Têm muitas outras, se eu pudesse eu falava de absolutamente todas, mas acho que eu falo muito, né? Vou falar dessas três só pra falar menos (risos).

(risos) Mas falar muito é uma coisa que eu também faço, e como a gente está aqui numa conversa, é uma qualidade que eu aprecio bastante! (risos)
Ana Gabriela: Se deixar, eu ficaria aqui falando muito (risos), é só você me dar uma cerveja que eu vou falar o resto da vida!

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E o tempo até que está bom hoje para isso, né? Não está aquele calor horroroso, o tempo está mais ameno.
Ana Gabriela: Tá gostoso hoje, né? Final de ano dá a sensação de que todos os dias você pode tomar uma cerveja! (risos).

Sim, exato! E o calor que tava fazendo até poucos dias atrás meio que pedia isso, né? Tipo, só uma cerveja pra dar uma aliviada no calor.
Ana Gabriela: Sim! Hoje não tá frio, mas não tá aquele calor absurdo. É o momento exato para você abrir uma cervejinha!

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Total! E Ana, agora que você comentou sobre esse momento da composição de “Capa de Revista”, que aconteceu com uma galera no quintal de máscara e tudo mais, o “Acústico” tem vários nomes na composição das faixas também, como a música que você cantou junto com o Melim, tem também o Pedro Calais, o Deco Martins, a Elana Dara e alguns outros nomes. Como foi chamar essa galera para participar desse projeto com você?
Ana Gabriela: É muita gente, né? A com o Melim, por exemplo, eu ganhei de presente deles. Eu lancei em 2020, mas se eu não me engano eu ganhei ela em 2017 ou 2018, e é uma música que eles me deram porque acharam que não cabia no álbum deles, e eu falei “cara, vou pegar essa música, mas vou lançar num momento muito especial”. Eu nunca tinha lançado um álbum, então sempre pensei ela dentro de algo maior do que só um single. O Deco é o cara que eu mais tenho música junto, a gente se encontra praticamente toda semana pra escrever. Eu falei pra ele sobre o meu segundo álbum, que ia ser o “Degradê”, e ele sempre topa fazer as coisas comigo; eu começo a falar sobre o conceito, quais artistas escutar pra ele entender o que eu estou querendo dizer e o lugar que eu estou querendo ir, e com ele realmente é muito fácil de trabalhar, é o cara que eu mais escrevo junto. Ele até postou um story quando saiu o “Acústico” falando que ele participou de cinco desse álbum acústico (risos).

A Elana também foi um achado, a gente deu match muito rápido, ela escreve muito bem, ela tem melodia na cabeça o tempo inteiro e é muito criativa. Então é bom escrever com pessoas que realmente têm um outro pensamento, e você começar a entender como funciona a cabeça das pessoas. Você lendo esses nomes me faz lembrar que eu gosto de escrever sozinha, mas acho que as coisas que eu escrevo sozinha são mais pra mim mesma, mais uma forma de desabafo que talvez eu não mostre pra ninguém. Eu tenho gostado muito atualmente de escrever com outras pessoas porque eu sei que duas cabeças pensam melhor que uma, sabe? Acho que eu consigo trazer mais do que eu to querendo falar com outra pessoa me ajudando, e agora eu tive muito esse costume de compor com outras pessoas. Eu tenho as minhas coisas aqui guardadas, que são formas de desabafo e que talvez ninguém nunca escute, e eu tenho esses grandes amigos compositores que eu encontro praticamente toda semana pra pensar em alguma música pra alguém, pra mim, para eles, enfim; é realmente uma forma de exercitar a mente. Em São Paulo tudo acontece, não tem como, você encontra compositor e artista o tempo inteiro, e eu sou muito feliz com esse time que eu criei para conseguir fazer esse acústico.

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O “Acústico” foi acompanhado ainda de visuais também, eu vi que toda hora você posta no Instagram o trecho com o Melim, com o Bryan Behr (que daqui a pouco vamos falar sobre). Durante essas gravações dos visuais, teve algum momento mais marcante ali na troca, por exemplo, com essas pessoas?
Ana Gabriela: Acho que é da gravação, mas ao mesmo tempo é do antes e do depois. Por exemplo, o Bryan chegando e cantando comigo ali no violão e a gente passando a música antes de começar a gravar. No momento da gravação é muito explícito que a gente se gosta muito, e no pós, que a gente saiu ali do estúdio se abraçando e falando “cara, finalmente a gente conseguiu concretizar essa amizade”. Eu vejo muito quando você faz um feat com alguém que você gosta muito a concretização dessa amizade, deixando outras pessoas saberem que existe essa união de vocês. Tiveram muitos momentos especiais do Bryan, do Melim, que são absurdos, eu realmente chamo eles de Melismas porque eles cantam absurdamente bem.

Então é saber que eu tenho amigos tão talentosos e que topam fazer as coisas comigo, as doideiras que eu penso, e a gente dar outro arranjo pra uma música que já estava muito bonita; os músicos também, dava para ver que todo mundo estava muito feliz com a troca que a gente teve, tudo foi muito bem ensaiado, muito bem feito, e feito de coração, com uma energia massa. Acho que todos os meus sorrisos ali no audiovisual não estão mentindo, eu realmente estava muito feliz de estar naquele lugar e de saber que eu estava fazendo uma coisa que eu ia me orgulhar pro resto da vida.

Eu imagino! Dá para ver como você estava super feliz mesmo, devem ter sido muitas emoções à flor da pele ali durante esses momentos!
Ana Gabriela: Sim, muito! Cara, foi muita coisa passando na cabeça. Lembrar onde e como você começou, como você começou a gostar de música e pensar que aquilo ali tem que ficar o mais bonito possível, porque artista é perfeccionista e sempre se cobra muito. Então é muita coisa junta, e quando acaba é uma. Não sei, parece que você tá transcendendo felicidade e ao mesmo tempo você está muito cansado, é uma coisa muito maluca. Depois que a gente terminou a última faixa gravada, a gente descansou um pouco e voltou pra São Paulo (porque foi gravado em Campinas), e, cara, quando eu cheguei minha garganta começou a doer. Acho que eu estava tão fissurada que o universo olhou para mim e falou “você não vai ficar doente, só depois que parar de cantar” (risos). Eu fiquei com dor de garganta por uns três dias, realmente doente, mas acho que é de ter me esforçado muito. Eu sei o quanto eu me esforcei, o quanto eu quis fazer aquilo de todo coração, e valeu cada segundo. Eu não mudaria nada, voltaria para aquele lugar de novo e ficaria três dias intensos de gravação fazendo o melhor que eu posso para entregar para as pessoas.

Agora, falando sobre o Bryan Behr, como foi o trampo de vocês juntos? Você falou que finalmente vocês se encontraram e concretizaram uma parceria, e essa é a única faixa inédita no álbum inteiro. Como foi colocar essa faixa justamente no projeto que revisita sua obra mais antiga?
Ana Gabriela: Foi algo muito especial ter lembrado dessa música que eu compus com alguns amigos, nessas quintas-feiras da vida que a gente só estava compondo e não estava pensando nessa música para ninguém. No momento que eu estava pensando no “Acústico”, eu não consegui não pensar numa música nova, ter uma novidade ali e ao mesmo tempo lançar uma música ao vivo, porque você já vai saber como ela é no show, basicamente. Eu acho isso muito interessante. Assim que eu pensei nessa música, a equipe toda gostou, e a gente começou a levantar algum nome que seria interessante pra feat, porque eu também imaginava muito um feat nela. Aí todo mundo pensou no Bryan, e eu falei “cara, vou falar com ele”. A gente tinha tentado fazer feat junto, mas sempre tem isso de ser o lançamento de um ou de outro, então faltava bater agenda. Mandei mensagem e ele aceitou na hora! Ele é um querido, um fofo, meu Deus, eu amo muito esse menino! Eu acho ele muito especial, muito talentoso, e no momento em que ele aceitou eu falei “cara, finalmente a gente vai conseguir fazer uma coisa juntos”. E a gente gravou, o dia foi incrível, ele é muito gentil, muito educado, um fofinho mesmo. E quando a gente terminou, ele foi pra casa dele e eu lembro de ter recebido um áudio dele falando “cara, eu estou muito feliz, isso que você fez é muito importante pra mim e a gente realmente está muito feliz do lado de cá”; isso realmente só só fez eu ter mais certeza que era ele pra ser a pessoa desse feat. Pra mim foi muito importante porque hoje em dia eu prezo muito pelo fato de fazer feat com pessoas que eu realmente admiro; eu conheço ele fora do palco e eu sei que ele é um cara extraordinário, que compõe muito bem, é muito massa, tem um show incrível e canta muita verdade. Então cada vez mais eu quero estar próxima de pessoas assim. É muito bom ter um feat com uma pessoa que eu vou não vou estar só em cima do palco, sabe, mas ali fora também.

Mudando agora do “Acústico”, eu vi que recentemente você também fez parte do projeto “Lulu Atemporal”, cantando uma nova versão de “Tão Bem”, que é um puta sucesso dele, com produção do Papatinho. Como rolou esse projeto? E também, essa música especificamente e o próprio Lulu também têm algum significado maior para você?
Ana Gabriela: Cara, essa foi uma loucura que eu não esperava que fosse acontecer. Eu admiro o Lulu há muito tempo, se for no meu canal têm releituras dele lá, eu realmente sou muito fã. Minha mãe que me apresentou, ela sempre me trouxe mais a MPB e eu sempre gostei muito de escutar com ela. Então o Lulu é uma voz muito familiar pra mim, porque estava tocando em casa basicamente o tempo inteiro. E no momento que eu recebi esse convite dele foi algo muito, eu diria assustador, porque a Ana de 15, 16 anos, não imaginava que algum momento isso poderia acontecer, principalmente com a música que, conversando com ele depois, ele comentou comigo que não cantava mais nos shows porque o “ela me faz tão bem” pra ele não faz muito sentido cantar para uma mulher. E eu falei pra ele que eu nunca precisei tocar essa letra porque realmente sempre foi uma mulher pra mim, e ele ficou feliz com isso, até voltou a cantar essa música no show.

Eu fiquei muito feliz com isso de poder ressignificar uma pessoa que sempre cantou sobre amor, sobre ser livre e sempre trouxe muita música nacional, agora elevando. É realmente um marco na minha vida saber que o Lulu Santos pensou em mim no projeto da vida dele e que eu pude fazer parte desse momento. Eu realmente sou muito feliz de poder estar nesse projeto, poder falar pras pessoas e ouvir a voz dele com a minha; é uma coisa realmente muito particular que a Ana de 27 tem, e a Ana de 15 também tem um sentimento dela aqui dentro, sabe? Pra mim foi muito importante, ele é um cara muito especial.

Muito, eu sou super fã dele também! E Ana, pra finalizar, agora que 2023 praticamente acabou e já teve o seu último lançamento do ano (até onde eu sei), você pode me adiantar alguma coisa do que vem aí de Ana Gabriela em 2024?
Ana Gabriela: É um pouco difícil isso de adiantar alguma coisa, mas eu sempre estou em processo de composição, sempre pensando obviamente no próximo lançamento. Acredito que têm muitos artistas que pensam dessa forma, que depois que você lança um álbum você só quer vir com algo novo, porque são muito mais pensamentos, muito mais músicas e você consegue criar um conceito. Então, obviamente estou pensando no meu quarto álbum, escrevendo para ele, pensando em absolutamente tudo. Eu tenho alguns lançamentos para fazer no ano que vem, algumas participações em músicas de amigos, mas o meu projeto eu vou acho que pela primeira vez pensar com muita calma, muita cautela. Estou escrevendo calmamente para saber sobre o que eu quero falar e como eu quero falar. Acho que é um momento de ter esse momento para mim assim, sabe?

Obviamente que existe essa cobrança, não vou mentir. Eu lembro que o meu primeiro álbum “Ana” tem 13 faixas e eu lancei numa sexta, aí chegou na segunda-feira uma menina assim: “Ana, já decorei o álbum todo, quando vem música nova?”, eu falei “não é possível, eu levei dois anos pra fazer esse álbum e vocês já querem música nova?” (risos). As pessoas só vêem o produto final, né, elas não vêem todo o processo. Quando eu lancei esse álbum eu estava com 24 anos, então hoje em dia eu tenho outro pensamento, eu tenho meu tempo, e eu estou gostando de me descobrir, descobrir o que eu quero falar, a forma que eu quero falar, como eu quero produzir, com quem eu quero produzir. Então estou feliz de estar nesse momento com paciência e dar realmente a paciência que o novo projeto exige.

Já estou ansiosa aqui pelo que está por vir! Ana, muito obrigada pelo seu tempo, adorei falar com você e espero que tanto o “Acústico” quanto os novos projetos tenham muito sucesso!
Ana Gabriela: Obrigada você pela entrevista!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi