A Magia do Ano 4 e a Fábrica de Hits: O nascimento do Arcade Fire

Nascido no meio da morte, o álbum de debut do Arcade Fire chegou abraçando quase todas as angústias de uma geração e ajudando a redefinir o rock do início dos anos 2000. Ao lado de Franz e Killers, outras duas estreias de 2004, o grupo liderado por Win Butler fincou sua presença apostando em um rock mais sinfônico, sem deixar de lado um certo pop que consagraria algumas faixas.

“Funeral” é quase uma unanimidade entre os clássicos modernos, ao lado de “Whatever People Said…”, do Arctic Monkeys, e “Is This it”, do The Strokes. A estreia dos canadenses pode até soar excêntrica em um contexto em que o rock eufórico, afeito às garagens, ditava o ritmo. A estética sombria e tristonha é embaçada pela emoção que a big band carrega no peito, da força de hinos do filão indie, como “Wake Up” e “Power Out”.

- ANUNCIE AQUI -

Com espaço garantido nas principais listas, assim como as outras estrelas do ano, “Funeral” foi o berço de hits como “Rebellion (Lies)” e “Wake Up”. Mas para ter ganhando o gosto e o posto de um dos álbuns mais importantes do ano, foi um esforço de todo um álbum, não apenas duas faixas. Lidando com a perda e a morte de diferentes maneiras, o grupo fez uma suíte com quatro faixas (“Neighborhood”), divida pela música “Une Annee Sans Lumiere”, com um lírico dueto entre o casal principal do grupo, Win e Regine.

Mas “Funeral” não seria o mesmo sem David Bowie, e o U2. O Camaleão do Rock foi o responsável por chamar a atenção da gravadora para o talento que eles tinham em mãos (imagina, ser indicado por Bowie em pessoa?) e os irlandeses cederam o espaço para os canadenses se apresentarem abrindo a “Vertigo Tour” e elegeram “Wake Up” como a música tema de abertura dos shows. É pouco ou quer mais? E foi com esse “empurrãozinho”, junto com letras e músicas impecáveis, que “Funeral” se esgotou nos estoques e foi o assunto na música em 2004.

A comoção de Funeral desembocaria em “Neon Bible” e sua junção de política e igreja. Win e Régine trazem relatos angustiantes, impressos, por exemplo, nas letras de “Intervention” e na faixa-título. “Funeral” é um preâmbulo de qualidade ímpar pro segundo disco, uma pregação pra recuperar o pálido cenário.

Na semana que vem vamos lembrar um pouco da doce vingança e da explosão do emocore do My Chemical Romance. Até! ;)

Inscreva-se no canal da Nação da Música no YouTube, e siga no Instagram e Twitter.