Entrevista Exclusiva: Neko apresenta o projeto O Amor Existe e fala sobre novo álbum

O Amor Existe

Leandro Neko, baterista da banda Tópaz, iniciou há alguns anos o projeto O Amor Existe, que une literatura e música em uma única obra. Agora, o músico se uniu a cantora Anna Sofya para o lançamento do disco/livro “Transbordar”, que vem conquistando cada vez mais o coração do público.

Para conhecer um pouco melhor o projeto, a Nação da Música conversou com Neko nesta quinta-feira (07), que nos explicou melhor esse conceito e como tudo isso surgiu, traçando os planos da dupla para o ano de 2016. Confira abaixo:

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Perguntas/entrevista: Felipe Santana

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01. Antes de tudo, como surgiu o projeto “O Amor Existe” – apresentado muitas vezes como “Um livro que virou música”? Como se formou essa parceria?

Começou em 2014 e era uma página no Facebook onde eu postava algumas crônicas e tal, assim, sem pretensão nenhuma de fazer disco nem nada. E depois de uns 6 meses que começou a crescer muito, muito rápido, começou a ter muita demanda de pessoas pedindo texto e pedindo coisas, eu resolvi virar um projeto de verdade, botar um nome e ai começar a ter uma rotina mesmo, um trabalho em cima.

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E ai quando eu resolvi que ia fazer a parada virar um livro, como eu sempre toquei, tenho banda ha 10 anos já, eu resolvi botar música junto com o livro, e ai nesse meio tempo eu encontrei o Lucas Silveira, da Fresno, lá em Porto Alegre ainda, e ele comentou que ele tava lançando o selo dele, o Dark Matter, e ai ele falou: “meu, vamo lá que eu quero lançar o teu projeto”, e ai ele foi o cara que deu o pontapé pra gente poder gravar, e na época ainda era só eu né? Ai eu gravei dois EPs com ele sozinho, lancei os dois livros de forma independente.

Resumindo muito, foi basicamente assim que começou, foi um projeto da internet que eu resolvi que ia virar um livro que vinha com música.

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02. E como surgiu a parceria com a Anna Sofya? Como vocês se conheceram?

A Anna tinha outras bandas lá no sul, eu tinha ido nuns shows dela, já acompanhava e gostava muito da voz dela, e depois que eu lancei os dois EPs e os dois livros eu tava com a necessidade de uma novidade, de ter alguma coisa que pudesse acrescentar no projeto além do meu ponto de vista, das minhas ideias. E ai na época ainda eu tava muito vidrado em uma banda que chamava Of Monsters and Men – que é um cara e uma menina que canta – e ai eu queria muito fazer uma coisa pra aproximar deles sonoramente, e ai eu tava pensando, fiquei pensando em uma pessoa que além de cantar pudesse escrever junto, participar do projeto por inteiro. E ai ela foi meio que uma escolha lógica, eu tava ligado que ela já escrevia, que ela cantava e tal. Dai eu chamei e ela topou de cara, e ela entrou pro projeto pra gravar já o “Transbordar”.

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03. As músicas tratam bastante do amor de forma tão simples e pura. Como é feito o processo de composição das músicas, das crônicas e de onde vocês tiram inspiração para as letras?

Pro livro e pro disco não teve uma ordem sabe, tipo, primeiro as crônicas depois as músicas, ou as músicas depois as crônicas. Foi uma coisa que meio que a gente deixou ser ao natural assim. Mas como a Anna entrou no meio do processo acabou que todas as músicas são minhas e ela participou de uma letra só, ela participou mais das crônicas mesmo escrevendo. Mas o principal mesmo, ele consiste em falar de situações, não tanto de pessoas, uma ex-namorada, ou de um amigo, eu prefiro falar, sei lá, do que eu sinto quando eu troco o primeiro olhar com uma pessoa do que falar exatamente da pessoa e do jeito dela, sabe?

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Então as músicas se inspiram muito nisso, nessas situações do dia-a-dia, coisas que as pessoas fazem e não propriamente das pessoas em si. E ai pro livro, normalmente, acho que basicamente todas músicas foram feitas e depois as crônicas foram feitas em cima das músicas, então são 10 capítulos com 10 músicas, uma música sobre cada um, então lê as crônicas e você entende as músicas muito claramente…

04. As músicas possuem uma melodia gostosa com toques do pop, rock e folk. Quem são as maiores inspirações para o som do projeto?

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Principal desse disco foi o Of Monsters and Men. Foi uma banda que chama – que é a banda que eu mais gosto – que chama The Staves, que são três irmãs da Inglaterra, quem produz os discos delas é o Bon Iver [Justin Vernon], e eu sempre gostei muito do Bon Iver, mas quando eu conheci essa banda dessas meninas minha cabeça mudou completamente, é bem intimista, você ouve elas cantarem e sente muito forte as letras delas, e a energia, é uma banda que eu gosto muito. Tem uma outra banda australiana que chama The Paper Kites, que eu gosto demais também, é uma menina e um cara que cantam.

A produção pesou demais também, quem produziu foi o Pedro Ramos, do Supercombo, e ele trabalhou junto comigo na elaboração das músicas e a mão dele fez muita diferença, tanto que eu sou baterista, de uma banda que chama Tópaz, e eu gravei metade do disco e o Pedro gravou outra metade das baterias, porque eu queria que tivesse um pouco da cara dele porque ele influenciou demais as músicas. Então ele ouve, sei lá… Death Cab [for Cutie], ouve outras bandas que deram um que a mais no disco, fez muita diferença.

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05. O disco “Transbordar”, foi lançado no começo desse mês. Qual vem sendo a resposta do público quanto a ele?

Ta sendo a melhor possível. A gente ta acompanhando na internet os comentários e ta todo mundo muito surpreso com o resultado, muitos elogios assim, que a gente não esperava. Formadores de opinião lá do Rio Grande do Sul que estavam ligados nos outros discos falando super bem desse. Ele ta muito diferente dos outros né? É o primeiro que eu gravo com banda mesmo, tocando guitarra, baixo, bateria, violão. Então nesse deu pra explorar outras coisas, e com esse formato banda mesmo, ele abre um leque de opções muito massa.

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O primeiro era basicamente uma base do violão, e algumas batidinhas, bateria e percussão, bastante eletrônicas assim… não tinha nenhum instrumento de corda. E nesse agora dai é violão, guitarra, baixo, bateria, teclado, muitos coros – várias músicas tem muitas pessoas cantando – então a galera se surpreendeu, a gente ficou super feliz com o resultado, e da pra ver muito uma mudança na maneira de escrever, a galera ta sentindo bastante.

E sei la, é o terceiro lançamento, eu fui sentindo o que dava certo, o que não dava, também fiquei conhecendo porque eu nunca tinha feito música antes. A primeira vez que eu fiz música foi o primeiro EP, minhas primeiras quatro músicas foram aquelas. E agora, com esse disco, eu pude explorar mais coisas, eu fiz músicas a mais pra sobrar, então a galera ta gostando muito, a gente tá super animado e a galera tá curtindo tanto quanto a gente, então é a melhor resposta possível.

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06. Nós recebemos uma cópia do disco, que tá muito bonito, e traz o CD na contracapa do livro. Como esse modelo foi idealizado, de onde vieram as ideias?

O projeto gráfico foi feito pelo Rafael Rocha, que é da NOIZE e da Wannebe Jalva – outra banda lá do Rio Grande do Sul. E eu cheguei pra ele com a ideia, com o nome do projeto, que era o “Transbordar”, eu falei pra ele “cara, o nome é ‘Transbordar’, é um livro de crônicas, 10 músicas, eu vou te mandando as letras e as música pré-mixadas que eu tiver pegando”, e ele “ah, beleza”. Eu comecei a mandar, e falei pra ele “meu, cria o que quiser, a gente não tem nenhum briefing” e ele já chegou com toda a referência, chegou com a ideia da capa com as bolinhas, chegou falando que a foto tinha que ser a gente debaixo d’água, e o livro tinha que ser um formato mais quadrado… Ele falou “não, não, vamo fazer quadrado, vamo fazer assim, vamo fazer assado”. 

Ele chegou com toda a ideia pronta, com o simbolizinho dos dois corações formando o infinito. Já chegou com todas as referências e falou “o que vocês acham disso?” e a gente só concordou com ele, a ideia foi toda dele, a gente só aprovou sabe? E criou todo o conceito em cima assim, e depois ele mesmo fez as fotos, ele mesmo fez as ilustrações de dentro do livro a mão. Então ele foi também peça fundamental pro “Transbordar” ser como é, toda a cara foi ideia dele, toda a genialidade da parada.

07. O clipe da música “O Amor Existe” traz um conceito bastante forte e muito intenso. Qual a história por trás dele?

A ideia quando a gente começou a formatar o clipe… a gente queria que fosse uma coisa que ninguém esperava do projeto. Que a gente fosse fazer um clipe… Ah, O Amor Existe! O projeto chama O Amor Existe, todo mundo ia esperar um casal bonitinho, fazendo carinho um no outro e tal, e parque, e sol… E quando eu sentei com o diretor do clipe, que é o Alexandre Nickel – que é o cara que toca na minha banda na Tópaz – a gente sentou pra conversar sobre as ideias, e a gente falou “cara, vamo fazer uma coisa completamente diferente do que tão imaginando, que tu acha que ninguém ia esperar do clipe?” Ai a gente até brincou: “Ah, apanharem ninguém vai esperar né?”. Ai ele me olhou: “cara, vamo fazer um sequestro então”. 

Dai a gente começou a formatar a ideia, e a Anna veio com a ideia de “não, vamo botar um de costas pro outro, vamo fazer isso” e ele falou “vamo espancar até a morte nesse clipe, pra vocês mostrarem que, por mais que as pessoas e o mundo tentem mostrar que as coisas dão errado e, tipo, o amor não existe… ele existe mesmo assim, duas pessoas que se gostam de verdade conseguem ficar juntas”. Então a gente foi até o extremo, foi no máximo da grosseria pra mostrar que as coisas boas perduram… E foi um choque muito grande até pra galera do escritório que tava lançando a gente, todo mundo ficou assustado com o resultado porque ficou bem real, as pessoas achavam mesmo que a gente tava apanhando e muita gente chorando vendo o clipe.

E pra nós foi legar pra caralho fazer o clipe em si, foi um dia muito divertido, e o sangue, e as porradas, foi muito legal de fazer então a ideia do clipe era essa mesmo, era chocar e mostrar que a gente não é o que todo mundo espera, não sempre, isso pra vida também né? Foi demais, eu curti muito também o resultado.

08. E quais são os planos para divulgação dele? Vocês pretendem entrar em turnê, fazer um show de lançamento?

A gente já vinha fazendo shows, desde o começo do projeto a gente já faz shows pelo Brasil todo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, a gente tocou no South By Southwest [SXSW] também ano passado. Então a ideia agora é partir pros shows de divulgação mesmo, e fazer não só a parte musical, mas fazer a parte do livro também, sessão de autógrafos, rodar livrarias, feira do livro, bienal.

A ideia agora é… O primeiro show é dia 24 deste mês em Curitiba [evento aqui], ai depois já tem São Paulo dia 30, ai mais em Porto Alegre, interior do Rio Grande do Sul la marcado… A ideia é começar agora e tocar pra todos os lugares… E paralelo a isso a gente conseguir fazer o lançamento do livro em várias cidades.

Antes a gente não tinha o alcance, era 100% independente. Agora tem escritório, tem o Elemess trabalhando com a gente, pra conseguir rodar livrarias, e ter o livro pra vender em outras livrarias. Os dois primeiros livros a gente conseguiu vender 2 mil cópias de forma independente, só pelo site e show. Agora com a distribuição nacional vai facilitar pra gente também, até pra divulgação. A ideia é rodar mesmo o país pra todos os cantos, começar com show, e fazer o lance do livro e todo mais.

E tem o segundo clipe, que já tem em fase de pré-produção, em reuniões, acho que deve filmar agora em maio, e provavelmente em junho, dia dos namorados, já deve sair o clipe novo… E pelo menos até o fim do ano – fora esse que é pra sair em junho – pelo menos mais um clipe já deve sair. E ai tem o making-of do disco, que a gente já ta armando, já deve lançar agora nos próximos dias.

A gente ta pra lançar um Stompbox Factory, o Stompbox é um instrumento de pé, ele simula um bumbo de bateria, e a gente vai fazer meio que uma banda humana, eu e a Anna tocando. Então tem muita coisa que a gente já ta armando pra fazer até o final do ano, vai ter bastante material novo.

09. O projeto é diferente do que ouvimos do Tópaz. Como os fãs da banda reagiram a essas novas músicas?

É muito engraçado porque a galera que curte Tópaz gosta muito do projeto, com certeza porque eu sou da banda e tudo, mas a galera em nenhum momento comenta sobre o tipo de música. Todo mundo curte muito e ta todo mundo agradado assim, não tem ninguém que “ah, não ta fazendo um tipo de som que toca na Tópaz, que é outra parada”, até porque tipo, como no “O Amor Existe” eu sou o frontman, ali eu to cantando, eu to tocando violão, eu to cantando as músicas, é muito diferente do que eu faço na Tópaz.

Na Tópaz eu faço as letras juntos, faço as músicas, mas eu sou baterista, então o que eu gosto de tocar na bateria não o que eu gosto de tocar no meu violão, sabe? Então eu pude dar vazão a outras paradas que eu gosto num outro projeto que não atrapalha em nada a banda, então a galera curte muito, a galera vai nos shows, pergunta direto, agora a gente fez uma mini-turnêzinha com a Tópaz no interior do Rio Grande do Sul e a galera cantando as músicas nos intervalos, pedindo pra gente voltar la com O Amor Existe. Então ta super rolando, a galera super aceitou e super abraçou a ideia junto, então foi muito massa.

10. Alguma mensagem pra galera que ta ouvindo o projeto pela primeira vez?

Por favor, escutem e leiam as crônicas, e se puderem, façam as duas coisas ao mesmo tempo. Acessa lá oamorexiste.art.br e encontra todas as informações da gente, agenda de shows, e todas as redes sociais ai pra gente se trombar, acho que é isso. Muito obrigado ai pelo espaço, por tudo, espero encontrar vocês em breve.

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