Resenha: “Casa Moxei” (2015) – Sala Espacial

Sala Espacial

Antes de ouvir o som do Sala Espacial, você deve esvaziar sua mente e se preparar para ser surpreendido por algo totalmente novo e original, deixando de lado aquela visão tradicional de como a música é estruturada e se deixar levar pelos sentimentos expressados pelo grupo. Depois disso, considere os fatos. Em fevereiro de 2014, a conhecida como Casa Moxei, espaço reservado para apresentações que também servia como refúgio e moradia para diversos músicos de São Paulo, se viu em chamas devido a um curto-circuito. Felizmente, ninguém se feriu, mas o fogo consumiu todos os materiais que ali estavam, como instrumentos, discos, livros, gravações em andamento e até a própria mobília. Nessa realidade de tragédia que surgiu a Sala Espacial, mantendo viva a alma e o espírito da casa.

Entre o extenso número de membros do grupo, está o líder da banda Rancore, Teco Martins, ao lado de Toni Rastan, Rodrigo Caggegi, Alexandre e Pedro Iafelici, J Valença, Leo Ahau e Amanda Nogueira. Como a melhor forma de tributo, o nome do primeiro disco da incomum banda é “Casa Moxei”, rompendo com diversos aspectos da música – sem definição de gênero, classe social ou religião – criando melodias que exploram o melhor da vida em uma combinação de diferentes ritmos músicas, em um estilo unicamente brasileiro. Nas 18 faixas do álbum, as letras passam por inúmeros temas em uma composição de instrumentos poucos convencionais e sons orgânicos.

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“Incêndio” faz memoria ao triste fato, referenciando o acontecimento em sua letra em trechos como “oscilação na fiação” (causador do incêndio) e através de metáforas e sons de lamento. “Chão de Estrelas” continua trabalhando com metáforas, dessa vez intercalados com sons bastante incomuns em uma música, como o latido de cachorro, conversas e chocalho de cascavel. Rompendo com a predominância do violão nas anteriores, “Conexiom” é bem estruturada e trabalha com outros instrumentos, como guitarra, bateria e saxofone, tratando temas mais românticos.

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Essa pegada mais romântica segue em “Nathália”, com um ritmo tranquilo e envolvente, reforçado pela presença de trompetes. “Bula” é divertida e dançante, tirando fortes influências do Jazz através do acelerado piano, flauta e assovios, que embalam seus quase 4 minutos de duração. Uma das características mais marcantes do álbum é o fato do grupo explorar diferentes estilos, percebido em “Alegria de Viver”, com um ritmo desacelerado que é rompido por alguns momentos de sons naturais, como o canto de um galo e um forte grito no último segundo da canção.

“Jurema” já traz fortes mudanças no vocal, trocando uma voz mais suave por outra mais agressiva, que se encaixou perfeitamente na proposta da canção, que destoa de todas as outras que você já ouviu em “Casa Moxei” até esse ponto, passando por transformações durante seu tempo de duração, até chegar na sua tranquila conclusão. Os vocais são novamente trocados em “Hinário”, que tem cunho bastante religioso e usa nomes e expressões de diferentes crenças e culturas. Os vocais masculinos e femininos são apoiados em um instrumental bastante folclórico, com o som das ondas do mar anunciando o fim do ritual.

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Um acústico violão inicia “Cigano”, em um ritmo que vai se tornando cada vez maior e mais rápido, repetindo a mesma estrofe em seus 7 minutos. “Imediato Contato” apresenta alguns elementos psicodélicos ao meio do piano e os instrumentos tradicionais, tratando de temas alienígenas para apresentar uma letra bastante otimista. “L’araldica Delle Contrade di Siena” traz novos arranjos pra canção já conhecida de Teco Martins. A sensual “Abajour” prepara o clima para alguns minutos românticos e íntimos de um casal, perfeita para ouvir com aquela pessoa naquele momento especial.

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“Kundalini” é fascinante. Seu signifcado tem relação com o poder espiritual, a energia, e é esse lado que a banda representa na canção de forma não convencional, porém surpreendente, com letras faladas e expressadas em diferentes línguas, com o cantar de uma misteriosa voz feminina. Também são falas que introduzem a calmaria de “Malbec”, definindo música como “religião”. Os acordes feitos pelo baixista merece grande destaque. “O Filho da Cris” presa bastante pela simplicidade, narrando o sofrimento e a felicidade de uma mãe ao ter seu filho.

Já perto do fim, “O Dono de Tudo” trata de temas mais sérios, apresentando os sentimentos e problemas sofridos por um individuo no século XXI, ligados a sensação de infelicidade, insatisfação e frustração, implorando ter sua a alma trocada de volta. “Sobrevivi” traz declarações em primeira pessoa direcionada a quem escuta, apresentando alguns versos de forma mais rápida, semelhante ao rap, pedindo ajuda para realizar as mudanças necessárias, vivenciadas por alguém consciente de que sobreviveu. Os 7 minutos finais de “Aurora” são mais obscuros e misteriosos, que vão recebendo luz ao passar do tempo que vocalista passa ao lado de alguém que lhe traz paz, assistindo juntos a beleza da aurora.

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Tracklist:

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01. Incêndio
02. Chão de Estrelas
03. Conexiom
04. Nathalia
05. Bula
06. Alegria de Viver
07. Jurema
08. Hinário
09. Cigana
10. Imediato Contato
11. L’araldica Delle Contrade di Siena
12. Abajour
13. Kundalini
14. Malbec
15. O Filho da Cris
16. O Dono de Tudo
17. Sobrevivi
18. Aurora

Nota: 9

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