Resenha: “Chilombo” – Jhené Aiko (2020)

Jhené Aiko

A cantora Jhené Aiko lançou, dia 06 de março, seu terceiro álbum de estúdio. Intitulado “Chilombo”, o álbum traz colaborações com nomes de peso da indústria musical como John Legend, o rapper Nas, a cantora H.E.R. e Big Sean, com quem a cantora tem histórico amoroso e quem é a inspiração para boa parte das faixas do álbum.

A artista explicou o conceito do nome da álbum como sendo: “Chi” representando a força da vida, “L” como representante do amor em suas multi facetas enérgicas, “Om” como o som do universo conhecido na meditação, “B” como a base, os começos e “O” como o infinito e a eternidade, tudo o que é cíclico e a perfeição das coisas que são.

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O álbum é introduzido de maneira bastante satisfatória com a faixa “Lotus (Intro)”. A voz de Jhené ressoa acompanhada por um piano enquanto ela relaciona seu coração com uma flor de lótus e de como um homem partiu seu coração a dando um propósito e um foco na vida.

A faixa seguinte, intitulada de “Triggered (freestyle)”, é o primeiro single do projeto com um instrumental ainda leve, mas já com uma presença maior do R&B nas batidas e que continua a tratar da questão de um relacionamento conturbado iniciada na faixa que, acredita-se ser sobre o rapper Big Sean, com quem Jhené tem tido idas e vindas no relacionamento e que é a colaboração na música seguinte.

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“None of Your Concern” é, basicamente, uma continuação da sonoridade de “Triggered” e tem Jhené e Sean comentando sobre as questões do relacionamento que levaram ambos a se separarem. Além dessa faixa, uma outra colaboração foi feita entre eles na faixa “Single Again” do rapper, tratando do mesmo assunto.

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Jhené chega numa leve música de empoderamento com a envolvente “Speak” onde ela reclama seus direitos como dona de si como na frase “estou colocando meu vestido favorito, aquele que você odiou e disse que eu parecia estar pelada”. Acompanhada dessa faixa, nos vem uma percepção que, de fato, a cantora está se liberando de tudo o que sente e falando sobre suas questões pessoais.

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Seguindo a linha coerente que o álbum tem, “B.S.”, uma parceria com H.E.R., chega pra mostrar pro mundo a força que ambas conquistaram ao finalmente dispensarem seus respectivos namorados e estarem num ponto de amor-próprio. É realmente um hino de empoderamento em prol da auto valorização. Boa, meninas!

Se até aqui, o álbum traz uma vibe de controle interno e autoentendimento, em “PU$$Y Fairy (OTW)” temos uma faixa explicitamente sexual. Dividida em duas partes, sendo a primeira mais sensual e a segunda mais direta, ainda que sexual, a letra fala sobre coisas que, tanto a cantora quanto seu alvo gostam durante seus momentos de intimidade.

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“Happiness Over Everything (H.O.E.)” com participação de Future e Miguel, é um verdadeiro hino feminista em que Jhené brada sobre não se importar com a opinião externa sobre suas decisões sexuais enquanto ambos cantores expressam sua opinião ao nãos e importarem com as escolhas dela. O título é uma brincadeira com as palavras em que HOE (ofensa para mulheres em inglês) é subvertido para felicidade acima de tudo, dando um novo significado para a palavra que passa então a ser uma sigla.

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Fechando o bloco sexual do álbum e voltando a tratar de questões internas, “One Way St.”, que tem participação de Ab-Soul, é uma música que foca no psicológico da cantora. Ao mesmo tempo em que é reflexiva, ela é um autoanálise e tem uma batida bastante irreverente no final causando uma certa confusão proposital em relação à direção em que o álbum vem tomando e é aí que temos “Define Me (interlude)”, que é quieta e tranquilizante, quase que como um mantra, estamos entrando na segunda parte do álbum ao passo em que ela reforça na letra que não pode ser definida.

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Em parceria com Dr. Chill, pai da artista, “Surrender” é uma faixa que fala de dois tópicos em um só. É quase como que se Jhené estivesse se gabando sobre quem ela é pedindo a rendição da pessoa em questão, seu pai está, no fim da música, falando sobre nossa rendição perante a força energética do universo. E, por falar em energia, é importante frisar que a produção do álbum foi toda pensada no conceito de energias cristalinas e chakrás para cura musicoterápica tendo cada faixa sons de cristais capazes de curar algum aspecto espiritual do ser humano.

“Tryna Smoke” é uma música despretensiosa sobre uso de maconha e como isso faz com que a vida pareça mais simples quando se está chapado. A música inicia e finaliza com o diálogo de um tráfico de substâncias entorpecentes naturais, é uma faixa bastante imponente e irreverente dada a sutileza com que trata de um assunto um tanto quanto delicado nos dias atuais.

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“Born Tired” é uma suave faixa com acompanhamento de cordas na primeira parte que fala de uma maneira muito leve sobre as pressões da vida e sobre como, com tudo o que nos acontece, conseguimos seguir em frente. É realmente um dos destaques do álbum.

Na mesma vibe da anterior, daquelas que enchem o peito de uma alegria não muito explicável em palavras, “LOVE”, apesar de não tem uma quantidade de faixas e rimas tão rica quanto das outras faixas do álbum, nos transporta pra um lugar de paz interior e nos faz sermos gratos e felizes por sermos quem somos. Fala da força da fé me Deus da cantora e sobre o impacto positivo que viver no momento traz à vida, num geral. Basicamente, o amor.

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A presença de peso do rapper Nas em “10K Hours” trata da perda de alguém que você ama, no sentido de não conseguir mais alcançar essa pessoa em questão. Basicamente superar aquela pessoa que saiu das nossas vidas é difícil, porém real. Fala também da perda de alguém que não é quem imaginávamos ser e como esse livramento faz bem à longo prazo.

Chegamos à terceira parte do álbum com a interlude “Summer 2020” que segue o tema musical da faixa anterior ao passo que trata do irmão da cantora que não está mais entre nós. Seu aniversário era em 7 de julho, durante o verão americano e ela deu declarações sobre a emoção de estar no verão, uma estação mais alegre, e sentir a melancolia da ausência do mesmo. Neste caso, a perda de alguém que amamos aqui é tratada novamente, mas neste caso uma perda irreversível devido à morte, o que faz a vida que vem sendo dissecada até aqui ser ainda mais valorizada.

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“Mourning Doves” mantém o instrumental deixado pela anterior e é uma canção bem suave que fala da esperança de um amor. Com sons de passarinhos ao fundo e uma harmonia bastante suave e a voz da cantora, ela nos transporta pra um lugar de muita tranquilidade e realmente preenche o ser humano que ouve a faixa.

“Pray for You” seria a típica canção de término de relacionamento, não fosse pela letra superior de alguém que de fato superou o fim de tudo e não guarda ressentimentos de um ex-relacionamento se sujeitando inclusive à rezar pela felicidade da pessoa, ainda que não estejam mais juntos.

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Jhené escalou também o cantor John Legend para seu álbum. A parceria acontece na faixa “Lightning & Thunder” que segue a identidade da terceira parte do álbum de ser mais suave e de nos conduzir história adentro tratando novamente do término da cantora com seu amado, dessa vez de uma perspectiva onde ambas as partes sentem falta uma da outra, mas estão separadas, comparado-as com relâmpago e trovão que co-existem, mas não são a mesma coisa. Uma das melhores faixas do álbum.

“Magic Hour” reforça ainda mais a força dessa terceira parte do disco. É uma visão diferente do mundo, falando de milagres e da maneira como o tempo faz com que vejamos as coisas, como no trecho que se repete diversas vezes “não está perfeito, mas tudo está bonito agora”.

Chegando ao fim da jornada de “Chilombo”, temos a faixa “Party for Me” em parceria com Ty Dolla $ign. A última faixa se conecta com a anterior como se fossem uma só, uma vez que, ouvidas em sequência, é impossível definir onde uma termina e a outra começa. “Magic Hour” invade “Party for Me” que logo muda a vibe para algo mais uptempo. A faixa trata, basicamente, de Jhené pedindo para que, quando ela morrer, sua morte seja celebrada por todos como se ela tivesse concluído sua missão. É uma visão positiva da morte. É o fim, tanto da vida quanto do álbum.

“Chilombo” nos traz uma Jhené que reflete sobre a vida em muitas vertentes, desde términos até a evolução do pensamento passando pelo crescimento pessoal e as adversidades que encontramos tanto na celebração quanto na luta e no luto para se chegar a um patamar de autocontrole e amor próprio. É um álbum de cura tanto para a cantora quanto para qualquer um que o ouve. É despretensioso em sua complexidade e torna tudo mais saboroso ao entender que o disco é muito complexo, mas que nós, enquanto seres humanos errantes e em evolução, também somos.

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Guil Anacleto
Guil Anacleto
Arquiteto e Urbanista por opção, cantor e amante de música por vocação. Uniu seu gosto por música e por escrita quando viu no Nação da Música a oportunidade de fundir ambos. Não fica sem um bom livro, um celular e um fone de ouvido. Amante de séries, televisão, reality shows, gastronomia, viagens e tenta sempre usar isso a seu favor para estar reunido com família e amigos. Uma grande metamorfose ambulante reunida em um coração sonhador com um toque de humor indispensável.
“Chilombo” nos trás uma Jhené que reflete sobre a vida em muitas vertentes, desde términos até a evolução do pensamento passando pelo crescimento pessoal e as adversidades que encontramos tanto na celebração quanto na luta e no luto para se chegar a um patamar de auto-controle e amor próprio. É um álbum de cura tanto para a cantora quanto para qualquer um que o ouve. É despretensioso em sua complexidade e torna tudo mais saboroso ao entender que o álbum é muito complexo mas que nós, enquanto seres humanos errantes e em evolução, também somos.Resenha: "Chilombo" - Jhené Aiko (2020)