Resenha: “Circles” – Mac Miller (2020)

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No dia 17 de janeiro, o álbum póstumo “Circles” do cantor Mac Miller chegou ao conhecimento do público. Mac vinha trabalhando no projeto desde o lançamento de seu último álbum “Swimming” (2018) e pretendia lançar o disco em questão como uma continuação do projeto anterior quando o plano foi interrompido por sua trágica e precoce morte vítima de uma overdose acidental em setembro de 2018.

O álbum começa com “Circles“, uma faixa leve musicalmente falando mas que, embora não tenha grandes revelações líricas, é possível entender o contexto da letra que fala sobre dificuldades de se terminar onde se começou, como que num ciclo vicioso.

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Levando em consideração que este é um álbum póstumo, ouvir “Complicated” faz com que nos sintamos submersos na atmosfera de Mac que cita na música que “algumas pessoas querem viver para sempre e eu só estou tentando aguentar o dia de hoje”. Bastante significativo dada as condições da morte do cantor. A faixa tem uma vibe soul que misturada aos sintetizadores nos remete a trabalhos como os de Childish Gambino em “Redbone”, por exemplo.

Em “Blue World“, Miller faz uma boa transição para a primeira faixa de fato que tem uma levada de rap, seu estilo de domínio. O estilo da produção casa muito bem com a faixa anterior, é aqui também que ele deixa os problemas de lado pra falar pela primeira vez sobre o amor chegando a fazer uma sutil referência a sua ex-namorada, Ariana Grande.

Good News“, carro-chefe do projeto é mais uma música de desabafo onde o cantor fala sobre a pressão da sociedade para que ele se sinta bem enquanto ele tem maiores preocupações. A sonoridade da faixa é um pouco diferente do que ouvimos até aqui, mas ainda sim temos um contato e uma linguagem entre as produções.

Se a faixa anterior fala das dificuldades, “I Can See” é um tiro de esperança no escuro e faz da vida do rapper, uma nova perspectiva que colabora para que o álbum atinja uma leveza dentro de letras profundas com produções despretensiosas, é quase um toque sublime de luz em meio a uma grande depressão não estereotipada.

Everybody” tem um dos melhores instrumentais do álbum com uma grande presença de instrumentos como piano, bateria, baixo, dentre outros além de vocais de apoio que realmente enriquecem a faixa. A letra segue a mesma linha do álbum falando sobre a nossa mas de uma perspectiva um pouco mais suave e, novamente, mais esperançosa. A faixa é inspirada em “Everybody’s Gotta Live” de 1972 do Arthur Lee.

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Woods” traz a linguagem do álbum novamente pra dentro da narrativa do mesmo. É uma faixa que contribui para a coesão do projeto, tanto em se tratando da produção quanto liricamente. Até aqui, já ouvimos mais da metade do álbum e estamos completamente envolvidos nessa vibe que tem um gosto de saudosismo das décadas passadas.

Primeira e única parceria do álbum, “Hand Me Downs” traz o cantor Baro Suba. A vibe envolvente, as letras sobre amor e a ideia de construir uma família fazem dessa sequência muito boa pro álbum por manter-se fiel à essa linguagem que vem sendo utilizada até aqui na produção das faixas.

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That’s on Me” continua o bom trabalho de produção, lírico e conceitual do álbum. É uma faixa relativamente simples mas que se encaixa perfeitamente na linha de pensamento do trabalho apresentado.

É bastante louvável como temos em “Hands” uma grande presença do hip-hop, estilo originário de Mac sem que a faixa se destoe do que vem sendo construído até aqui, ela se encaixa, ainda que seja aquele primo diferente na família, você pode dizer pela aparência que ele pertence aquele lugar. Pontos para a produção do disco.

Surf” traz novamente o assunto base do projeto, questões psicológicas. É uma faixa muito mais leve de produção do que o restante das faixas e vem como uma subida especial para a conclusão, traz consigo uma leveza que o cantor devia estar procurando em momentos de dificuldade em lidar com seus problemas psicológicos.

Once a Day” encerra o trabalho de uma maneira simples. Uma faixa crua, com pouco ou quase nenhum instrumental em alguns momentos, a faixa finaliza todo o nosso processo de pensamento e reflexão.

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Mac Miller nos traz os altos e baixos de alguém com psicológico instável e muito talento a oferecer. É uma carta aberta para alguém que estava sofrendo com seus bloqueios, paranoias e monstros internos. É surreal como alguém com tantos problemas psicológicos, que acabaram acarretando numa morte precoce, possa ter tanta maestria nos vocais e no conteúdo lírico de um projeto tão ímpar e coeso. Definitivamente, está mais claro do que nunca que a luz só existe em meio à escuridão. Obrigado pela sua contribuição ao cenário musical, você será muito amado e sua falta será muito sentida, mesmo após o fim desse seu ciclo.

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Guil Anacleto
Guil Anacleto
Arquiteto e Urbanista por opção, cantor e amante de música por vocação. Uniu seu gosto por música e por escrita quando viu no Nação da Música a oportunidade de fundir ambos. Não fica sem um bom livro, um celular e um fone de ouvido. Amante de séries, televisão, reality shows, gastronomia, viagens e tenta sempre usar isso a seu favor para estar reunido com família e amigos. Uma grande metamorfose ambulante reunida em um coração sonhador com um toque de humor indispensável.
Mac Miller nos traz os altos e baixos de alguém com psicológico instável e muito talento a oferecer. É uma carta aberta para alguém que estava sofrendo com seus bloqueios, paranoias e monstros internos. É surreal como alguém com tantos problemas psicológicos, que acabaram acarretando numa morte precoce, possa ter tanta maestria nos vocais e no conteúdo lírico de um projeto tão ímpar e coeso. Definitivamente, está mais claro do que nunca que a luz só existe em meio à escuridão. Obrigado pela sua contribuição ao cenário musical, você será muito amado e sua falta será muito sentida, mesmo após o fim desse seu ciclo.Resenha: "Circles" - Mac Miller (2020)