Resenha: “Manic” – Halsey (2020)

Halsey

A cantora norte-americana Halsey divulgou, na última sexta-feira (17), seu mais recente trabalho de estúdio, o álbum “Manic”, sucessor de seu último lançamento, o “hopeless fountain kingdom” de 2017.

Em entrevista para o programa de rádio de Zane Lowe, ela falou sobre como quis que esse álbum refletisse sua essência interior ao invés de ser um compilado de hits para suceder o sucesso estrondoso de “Without Me”, single de 2018 presente no álbum que chegou a atingir o topo da Billboard HOT 100.

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É nessa tentativa que o CD inicia com a música intitulada “Ashley”, seu nome de batismo de onde surgiu o anagrama para Halsey, uma música brutalmente honesta onde a cantora fala sobre alguns de seus sentimentos de melancolia, o julgamento da sociedade – especialmente dos homens – além de clamar por respeito, só pela primeira faixa já podemos ver o que nos aguarda.

Logo na sequência, temos a confusa “clementine”, uma faixa que traz um instrumental bastante suave e que traz até uma sensação de paz interior ao passo que a letra nos agracia com um eu-lírico confuso e desnorteado sobre suas vontades, é quase tangível para os ouvintes a bagunça que está a mente por trás destas letras.

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Partimos então para uma das faixas mais comerciais do álbum, “Graveyard” que foi lançada como single do projeto ainda em 2019 como material de divulgação. Trazendo uma letra de um amor doentio, ainda que a faixa esteja um pouco deslocada das demais, ainda sim mostra um lado quase que doentio ao citar um amor que poderia ser perseguido até o cemitério.

“You should be sad”, o single mais recente do álbum, lançada dia 10 de janeiro, traz uma vibe country para o álbum que versa com o pop, o hip-hop e o rock. É uma letra bastante contrária à faixa anterior, é quase que como se “sad” fosse uma resposta aos estímulos da outra parte cantada em “Graveyard”. A faixa colabora pro álbum voltar a entrar em um lugar de melancolia e honestidade que é reforçado por “Forever … (is a long time)” que recupera a fórmula de “clementine” ao trazer uma letra bastante forte e visceral ao passo que nos envolve com um instrumental quase que de caixinha de música e a chuva utilizada na produção traz uma sensação ainda mais intimista e nos aproxima da proposta da faixa.

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“Dominic’s Interlude” é uma música de pouco mais de um minuto que serve de abertura para introduzir “I HATE EVERYBODY”. Embora a interlude, que conta com a participação de Dominic Fike, seja intencionalmente curta, ela exibe um trabalho incrível de produção onde a faixa vai crescendo e preparando o clima pra “HATE” que é mais uma que mostra a confusão de sentimentos com relação aos relacionamentos que a cantora decidir exprimir. Elas são complementares e utilizam dos mesmos elementos pra se encaixar. O instrumental novamente chama a atenção aqui; é como se Halsey estivesse sendo irônica sobre seus sentimentos, quase que como em uma daquelas típicas cenas da vida real em que alguém, que está explodindo por dentro, adota um sorriso falso e caloroso pra evitar qualquer pergunta/diálogo desnecessário.

“3am” é uma investida no rock bastante notável. Aqui ainda temos uma Halsey exalando carência, insegurança e fragilidade mas, dessa vez, com um instrumental bem mais agressivo fazendo toda a confusão, com o qual o álbum vem se desenvolvendo, fazer especial sentido, abrindo caminho pra monumental “Without Me” que é o carro chefe do álbum e, como citado anteriormente, foi um sucesso estrondoso. Mais uma canção de lamentação por um relacionamento fracassado e, de fato, uma das faixas de maior potencial dentro do todo.

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“Finally // beautiful stranger” nos mostra uma cantora apaixonada, como todas as outras, mas dessa vez vulnerável. O fato da faixa ser acompanhada de violão e alguns outros poucos elementos traz e reforça esse sentimento que, aliás é muito presente no álbum. A escolha da produção de usar instrumentos, em detrimento de sintetizadores e produções computadorizadas, traz uma realidade muito mais tangível pro projeto.

“Alanis’ Interlude” traz consigo o grande nome de Alanis Morissette para integrar a colaborações do álbum. Mais uma faixa que utiliza instrumentos reais e adota uma postura mais agressiva com uma bateria que faz com que “3am” não esteja tão isolada no cenário rock de dentro do álbum.

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“killing boys”, como o próprio título diz, é uma música que tem um espírito de raiva e bastante agressivo. A letra trata de vingança, além de necessidade tanto de um lado quanto do outro ou, no caso, a ausência da mesma. Associada à anterior, esta é talvez o melhor casamento sequencial do álbum.

“SUGA’s Interlude” conta com a participação do grupo BTS e, especialmente, de seu integrante Suga. Nesta faixa, temos a frase que pode ser considerada uma das mais marcantes e que resume melhor o projeto como um todo, acompanhada de um piano, Halsey entoa: “eu estive tentando a minha vida toda separar o tempo entre o ‘ter tudo’ e ‘desistir de tudo'” até que Suga entoa seus versos coreanos acrescentando valor cultural ao “Manic”. A produção da faixa é bastante rica, começa com um piano e chega a ter sons semelhantes a sirenes de polícia e um chiado que se assemelha a grilos durante à noite.

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“More” é talvez a faixa mais pessoal de todo o álbum onde Halsey brada aos quatro ventos sobre o amor sentido por um futuro bebê que ela não chegou à ter devido aos seus 3 abortos espontâneos, por conta de um problema de saúde, a endometriose. Saber dessa informação ao ouvir a faixa é crucial e faz muito sentido uma vez que no instrumental podemos ouvir uma espécie de ‘caixinha de música’ que nos remete à crianças instantaneamente. Depois de tudo pelo que a cantora tem nos introduzido, ao longo do álbum, chegarmos aqui é praticamente uma coroação de toda essa bagunça sentimental.

Já nos aproximando do final, temos “Still Learning”, mais uma explicação para tudo o que vem ocorrendo até aqui devido a faixa se tratar da carreira e da evolução com a qual a cantora trata seu amor próprio. A balança desequilibrada entre sucesso na carreira e baixa autoestima. Grande faixa potencial para um single.

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Pra encerrar o “Manic”, temos “929”, a data de nascimento da cantora onde ela fala sobre boa parte das suas inseguranças, desde se lembrar do nome de cada jovem com quem ela teve contato até não se lembrar de todas as pessoas com quem ela foi pra cama. É um coroamento bastante especial e justificativo para tudo que ouvimos e toda informação que coletamos ao longo do álbum.

Halsey traz um álbum complexo, confuso e excessivamente transparente. Tendo participado da composição de todas as faixas, podemos ver aqui, claramente, uma artista escolhendo compartilhar seus traumas, medos e inseguranças. “Manic” pode não ser considerado o ‘álbum do ano’ mas, definitivamente já é um grande detentor da categoria ‘mais autêntico’.

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RESUMO DA RESENHA
Resenha: "Manic" - Halsey (2020)
Arquiteto e Urbanista por opção, cantor e amante de música por vocação. Uniu seu gosto por música e por escrita quando viu no Nação da Música a oportunidade de fundir ambos. Não fica sem um bom livro, um celular e um fone de ouvido. Amante de séries, televisão, reality shows, gastronomia, viagens e tenta sempre usar isso a seu favor para estar reunido com família e amigos. Uma grande metamorfose ambulante reunida em um coração sonhador com um toque de humor indispensável.
resenha-manic-halsey-2020Halsey trás um álbum complexo, confuso e excessivamente transparente. Tendo participado da composição de todas as faixas, podemos ver aqui, claramente, uma artista escolhendo compartilhar seus traumas, medos e inseguranças. "Manic" pode não ser considerado o 'álbum do ano' mas, definitivamente já é um grande detentor da categoria 'mais autêntico'.