Resenha: “Vacancy” – Bayside (2016)

Bayside

O Bayside sempre pipocou nos meus fones de ouvido ao longo dos últimos 10 anos, mas nunca dei atenção merecida ao grupo de Long Island. Apesar disso, sempre soube reconhecer o potencial das composições do vocalista Anthony Raneri, e esse foi o grande combustível da expectativa em trono de “Vacancy”, sétimo disco de estúdio do grupo.

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Para entender um pouco desse incentivo é preciso entender um pouco do pano de fundo do material. Em 2015, ao retornar de uma turnê pela Europa, Raneri e sua esposa se divorciaram e a separação acabou resultando em um processo pela tutela. Enquanto o processo acontecia, Anthony se viu obrigado a viver em um hotel em Franklin, no Tennessee, para manter distância da filha. Esse é o background das 11 músicas que compõem o lançamento. A título de curiosidade, a capa do disco traz uma foto do hotel em questão.

O material começa com “Two Letters”, uma canção que redefine as canções melancólicas sobre términos. É interessante ver como artistas abordam tais situações de forma diferente com o passar do tempo. Isoladamente, a canção é impactante e carregada de sentimento. Conhecendo a história passada por quem a escreveu, cada estrofe ganha um significado maior.

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Um aspecto interessante que sempre me atraiu no Bayside foram as canções que abordam uma atmosfera mais teatral, onde cada estrofe se encaixa nos ritmos e trazem uma experiência diferente para a audição. Gostei de ver isso logo na segunda música do registro, “I’ve Been Dead All Day”.

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“Enemy Lines” consegue transmitir uma sensação de luta através de seu ritmo e composição. E por luta eu digo guerra, uma guerra que pode soar como uma metáfora aplicável para qualquer dilema que uma pessoa esteja vivendo. Os rufares de tambores e o uso de alguma linguagens militares na letra completam a atmosfera proposta.

“Not Fair” aparece logo na sequência e é uma das melhores músicas do álbum. Tem uma up beat muito interessante e um riff cativante. Ela mistura aqueles elementos teatrais que citei antes, com uma levada de punk, tornando a composição muito agradável.

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Por falar em músicas cativantes, chegamos a “Pretty Vacant”, que é um dos singles do material e outra canção que merece destaque especial. É cheia de nuances, altos e baixos e constantes conversas particulares. É quase como uma linha de pensamento, contínua dentro de sua própria confusão.

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“Rumspringa (Return to Heartbreak Road)” começa de forma clássica, e lembra bastante alguns clássicos do pop punk. Aqui temos o Bayside explorando sonoridades diferentes até então em “Vacancy”. Pode não ser uma música que chame sua atenção logo de cara, mas com certeza ela ainda tomará um lugar especial no seu coração.

A narrativa intensa que as músicas do Bayside apresentam chega com força total em “Mary”, uma música que tem claras influências de folk e lembra bastante nomes como The Gaslight Anthem e Frank Turner.

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“Maybe Tennessee”, ao que parece, é uma canção que traz certo conformismo do narrador em relação aos acontecimento com que ele tentava lidar ao longo do disco. A combinação de influências é muito interessante e a canção ganha um ar otimista, raro em alguns momentos do material.

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Outra música que também deixa claro alguns momentos do processo de lidar com toda a situação do divórcio é “The Ghost”, onde logo na primeira estrofe Raneri apresenta a ideia de que faria de tudo por uma noite com a ex-esposa.

As duas canções finais do material são “It Doesn’t Make It True” e “It’s Not As Depressing As It Sounds”. A primeira novamente aposta em elementos sonoros que colaboram para a sensação de uma narrativa e o refrão é incrível. A segunda é realmente uma composição perfeita pra encerrar o material. Uma reflexão a respeito de tudo aquilo que foi cantado e de todo o processo passado pelo compositor.

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Certa vez li, em algum lugar, uma frase que dizia que a inspiração nunca vinha da felicidade. Talvez a frase não seja uma regra, mas é bastante comum. Em “Vacancy” temos um notório grande compositor lidando um problema pessoal brutal e, acima de tudo, conseguindo canalizar isso para o caminho da música.

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É estranho pensar como alguém conegue lidar com problemas desse porte através da música. E, mais do que isso, como que Raneri tenta sarar uma ferida profunda justamente cutucando ela tão fortemente, e materializando essa dor em um álbum.

Toda essa tristeza e obscuridade poderiam tornar “Vacancy” uma experiência desgastante para quem está ouvindo. Mas o capricho com a produção e os instrumentais impecáveis tornam o material uma excelente viagem sonora entre os pensamentos de uma pessoa que tenta digerir uma tonelada de sentimentos.

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Tracklist:

01. Two Letters
02. I’ve Been Dead All Day
03. Enemy Lines
04. Not Fair
05. Pretty Vacant
06. Rumspringa (Heartbreak Road)
07. Mary
08. Maybe, Tennessee
09. The Ghost
10. It Doesn’t Make it True
11. It’s Not as Depressing as It Sounds

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Nota: 8

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Avatar de Vicente Pardo
Vicente Pardo: Editor do Nação da Música desde 2012, formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas em 2014. A música sempre foi sua paixão e não consegue viver sem ela. É viciado em procurar artistas novos e não consegue se manter ouvindo a mesma coisa por muito tempo. Também é um apaixonado por séries de TV e cultura pop.