Resenha: “I Am Easy To Find” – The National (2019)

The National
Foto: Reprodução/Facebook

Na última sexta-feira (17), o The National apresentou ao mundo “I Am Easy To Find, oitavo álbum de estúdio da carreira. Durante pouco mais de uma hora de execução, ouvimos a banda acrescentar novos elementos ao seu Universo.

Apenas alguns dias antes de divulgar o “Sleep Well Beast” em 2017, o vocalista Matt Berninger recebeu um e-mail do diretor Mike Mills (“Mulheres do Século 20”, “Toda Forma de Amor”), no qual o californiano expressava seu desejo de trabalhar com o grupo de Ohio em algum projeto relacionado àquele CD. Porém, todo o material já estava em andamento ou finalizado na época, como revelado numa entrevista à NME.

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Contudo, esse não foi o final da história deles. Berninger, Aaron e Bryce Dessner, Bryan e Scott Devendorf entraram em acordo com Mills para que ele assumisse todo o controle criativo do próximo disco e essa colaboração resultou na obra de maior duração deles, com exceção da versão estendida do “High Violet”, 2010.  

“I Am Easy To Find” é um projeto composto por um curta-metragem, estrelado pela atriz sueca Alicia Vikander, e um disco de 16 canções. E, apesar de você não precisar assistir o filme para entender as canções, é um bom complemento. Matt Berninger revelou à Pitchfork que, enquanto criavam o disco, Mike Mills confessou a ele não saber o que estavam fazendo, “pode ser ‘Lemonade’ para pessoas brancas deprimidas”, desabafou.

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Os vencedores do Grammy de “Melhor Álbum Alternativo” em 2018 estão acompanhados por Gail Ann Dorsey, Eve Owen, Diane Sorel, Mina Tindle (também conhecida como Pauline de Lassus), Lisa Hannigan, Sharon Van Etten, Kate Stables. Além do Brooklyn Youth Chorus.

Quando anunciou o álbum, a gravadora 4AD compartilhou a seguinte declaração de Matt, onde ele explica a presença feminina em “I Am Easy To Find”:

“Sim, tem muitas mulheres cantando, mas não é porque ‘oh vamos ter mais vozes femininas’, é mais como ‘vamos criar uma fábrica com a identidade das pessoas’. Seria melhor ter cantores, mas meu ego não deixaria isso acontecer”.

Contudo, quem ouviu a obra completa há de concordar que caso essa história fosse contada apenas por cantores não passaria a mesma emoção, um (ou nesse contexto, vários) toque feminino era de máxima importância para que a mensagem fosse passada completamente.

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”You Had Your Soul With You” é o primeiro parágrafo dessa história. A letra dessa música explana tristeza e arrependimento, um tema muito presente em outras músicas do grupo, assim como os sintetizadores já conhecidos pelos fãs. O mesmo elemento segue presente em “Quiet Light”, enquanto o personagem continua a narrar seus lamentos, expressando agora que sente falta da proximidade que tinha com a pessoa para quem está cantando. E, embora não tenha medo de ficar sozinho, não sabe o que fazer com seu tempo livre, mas se mostra aberto a aprender a lidar com esse sentimento.

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“Roman Holiday” traz muitas referências à Patti Smith, uma das cantoras mais influentes do cenário punk norte-americano, e o relacionamento que ela teve com o fotógrafo Robert Mapplethorne. Além disso, Matt Berninger também contou à Pitchfork que a frase “Please, think the best of him” (‘por favor, pense o melhor dele’, em tradução livre) foi extraída de um comentário feito pela poetisa no Instagram, ao responder um fã que havia perdido alguém que se suicidou.

A ideia central de “Oblivions” gira em torno de um relacionamento duradouro, onde uma das partes tem tendências a cometer atos autodestrutivos e teme que a outra pessoa o abandone por causa desse problema; “você não vai embora, não é?”, questiona.

“The Pull of You” tem frases que se comunicam diretamente com “Nobody Else Will Be There” e não é pra menos, ela deveria ter entrado em “Sleep Well Beast” (2017), mas não foi terminada a tempo. Em 2016, a faixa foi tocada durante um show realizado na Califórnia, com letra e título diferentes, mas a melodia bastante parecida. 

Em “Hey Rosey” a melodia é mais calma, como em uma espécie de entendimento, especialmente porque a faixa relata que o narrador está compreendendo “qual é o sentimento”. Seguida pela faixa-título no mesmo ritmo sereno contudo, a letra ainda relata certa insatisfação. A partir dela, as canções têm melodias mais sutis e tranquilas. “Her Father In The Pool” é a continuação dessa quietude, sendo apenas o instrumental. “Where Is Her head” é onde as coisa voltam a ficar agitadas, combinando com relatos  do caos e confusão que estão dentro dessa pessoa. Os vocais femininos nesse caso parecem ser os espectadores que observam enquanto essa pessoa passa por períodos bastante complicados, mas não sabem o que fazer além de se perguntar “o que ela está fazendo?”

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A desorientação lírica continua nas faixas seguintes; “Not In Kansas” e “So Far So Fast”. A primeira, como o próprio nome sugere, refere-se ao filme “O Mágico de Oz” (1939), e foi baseada numa fala da personagem principal. Conotações religiosas e políticas estão presentes nessa letra, acompanhadas por uma melodia mais leve e o final lembra bastante os corais de igrejas católicas. A segunda, descreve um período de desaparecimento consciente; “a tempestade, o apagão, o mar quieto… você correu diretamente para isso, para longe de mim”. Não ficando focada apenas nesse sentimento, como também na esperança de que alguém a resgate desse período; “te ouvir falar sempre me salva, você consegue fugir e conversar comigo?”

O Brooklyn Youth Chorus é quem protagoniza “Dust Swirls in Strange Light”, acompanhado de elementos rítmicos e batidas leves, enquanto o disco se aproxima do fim.

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A mesma preocupação descrita no início de “I Am Easy To Find” volta a marcar presença em “Hairpin Turns”, quando ouvimos o locutor questionar “Pelo que estamos passando, eu e você? O que você quer que eu aprenda? Nós estamos sempre discutindo pelas mesmas coisas”. A essa altura, o arranjo já está mais acelerado e em seguida ouvimos a antiga “Rylan”, liberada em versão de estúdio pela primeira vez, eleita a “faixa mais difícil de gravar”, por Aaron Dessner. Ela deveria ter feito parte de “Trouble Will Find Me” (2013), mas não foi finalizada a tempo e desde então foi modificada até chegar a esta edição.

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Na sequência, ouvimos outro instrumental, intitulado “Underwater” antes de chegarmos ao encerramento com “Light Years”, que é tocada no piano e o momento em que a aflição  o faz perceber que “a glória de tudo foi perdida em mim”.

Todos os sentimentos expressos através das letras e melodias do disco se conectam com o ouvinte num nível sentimental, o que não é surpresa pra quem acompanha o The National há um tempo. “I Am Easy To Find” é a descrição de emoções pela qual todo ser humano passa ao longo da sua trajetória, quer ele admita ou não.

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Stephanie Hora
Stephanie Hora
Jornalista, apaixonada por música, livros e cultura em geral.
No oitavo disco da carreira, o The National ousa como nunca antes e ainda consegue manter a essência de trabalhos anteriores, mostrando que não é preciso sair muito da sua zona de conforto para crescer. Resenha: "I Am Easy To Find" – The National (2019)