Resenha: “Avenida Elétrica” – Tunna (2021)

tunna
Foto: Reprodução/Capa

Há quem diga que não se deve julgar um livro pela capa, mas julgar um disco pela capa é essencial. Ela comunica e sintetiza o que podemos esperar do conteúdo de um álbum e a Tunna sabia disso muito bem ao aprovar a arte final de seu disco “Avenida Elétrica”, que foi lançado no final de janeiro.

O primeiro contato que nós temos com o álbum de estreia desse duo nacional é o trabalho marcante de capa assinado pela fotógrafa Júlia Rodrigues e com direção de arte de Paula Bustamante. Apresentando o conceito nonsense casual, a imagem reúne vários objetos aleatórios que remetem ao esotérico e à era tecnológica, reunindo diversas referências do conteúdo do disco em um só lugar. Para completar, o trabalho de beleza feito nos dois integrantes é assinado por Alma Negrot e fecha a imagem com uma estética futurista e até meio cósmica. O resultado final da combinação é uma identificação imediata com o brega, provocada pela paleta de cores rosa-chiclete, laranja forte e amarelo suave. É amor à primeira vista.

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A Tunna é um duo formado pela cantora Anna Crô e o baterista e produtor Arthur Kunz. Em seu primeiro álbum “Avenida Elétrica”, os artistas buscaram introduzir o conceito de “música para rebolar chorando”, trazendo letras reflexivas ambientadas em um som dançante e vibrante. É pouco comum um artista ter uma identidade visual e musical tão bem-definida logo no álbum de estreia, mas a Tunna colocou sua marca no mundo com maestria. “Avenida Elétrica” mistura gêneros e traz 11 faixas muito bem amarradas que giram em torno de três categorias principais: o pop universal, a música eletrônica alternativa e o pop brasileiro.

Em entrevista para o DROPS NM, Arthur nos disse que este é um álbum para ser ouvido “com o corpo”, o que acaba por ser uma definição perfeita do projeto. Com os vocais etéreos e sonhadores de Anna e um rico trabalho de produção de Arthur, “Avenida Elétrica” é um álbum feito para as baladas, mesmo – ou talvez especialmente – em suas faixas com composições mais tristonhas.

Somos arrebatados desde o início com a eletrizante “.Gif” que abre o disco com um poderoso som de synthwave, falando sobre paixão de balada e nos convidando a dançar e entrar na vibe que reverbera nas faixas seguintes. “Transe Psicodélico” é descrita como um “dancehall futurista” e mantém o ritmo enérgico através da presença marcante do techno. Com um quê de Pabllo Vittar, “Vem Me Amar” é contagiante desde as primeiras notas e define bem o conceito de “rebolar chorando”, com os vocais de Anna preenchendo a batida envolvente pra “dançar até o sol nascer”, como é mencionado na letra.

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Coração Congelado” é uma faixa criativa que mistura um funk eletrônico com elementos da cultura árabe e introduz a voz de um gênio que traz conselhos sobre como descongelar um coração marcado por decepções amorosas. Depois de receber instruções para se jogar na pista, voltamos para o clima de balada em “Flerte Moderno” com mais uma faixa de forte presença eletrônica, onde a Tunna entra no universo do amor em tempos digitais, onde os relacionamentos têm curto período de vida. Dividindo as duas metades do álbum, “Musa” é uma faixa pop divertida e energizante sobre empoderamento feminino que ironiza os estereótipos e rótulos colocados pela perspectiva masculina, trazendo um solo de guitarra entre refrões.

O ritmo diminui a partir de “Beijo Lento”, que começa com uma confissão de Anna: “Até tentei me enganar, mas eu já percebi que não dá mais pra fugir de mim mesma nem do que eu sinto por você”. A faixa sensual acena para o R&B e é a única colaboração do disco, trazendo os vocais de Éfiro a partir do primeiro refrão. “Sem Você” abre espaço para o romance e a vontade de se apaixonar, mantendo um som futurista e ainda voltado para o techno, mas com menos agito. Ela é seguida pela leveza de “Meu Bem”, que fala do fim de uma relação rápida com carinho e nostalgia boa, guiada pela voz suave de Anna Crô.

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“Coisa de Pele” é uma composição sensorial marcada pelo grave do baixo e permeada pelo som do funk estadunidense até crescer no synthpop, criando uma atmosfera retrô. Ela se aproxima do fim da narrativa do álbum com um questionamento sobre os relacionamentos vividos: “Será que foi mesmo amor ou só coisa de pele?”.

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“Quase Humana” conclui a trajetória do álbum seguindo no som retrô, sendo a música que mais se entrega ao teor reflexivo sem o pano de fundo dançante, abrindo espaço para uma contemplação maior. Com voz serena e estável, Anna canta com certa tristeza e sobriedade sobre essa relação que a manipulou de tal forma que a faz refletir, “já nem pareço mais humana”. Após a realização, o álbum encerra numa nota desafiadora e resistente, com Anna cantando “Você tenta levar de mim / O princípio, o meio e o fim / Mas eu não vou deixar”.

“Avenida Elétrica” é um ótimo começo para a Tunna. Além de ser um disco que cativa logo na primeira ouvida, o projeto se mantém conciso e coerente ao que se dispõe a fazer, apresentando a identidade do duo desde a capa, introduzindo a direção musical a partir da primeira faixa e se mantendo fiel ao longo das 10 músicas seguintes. Em um ano sem aglomerações e festejos, a Tunna conseguiu trazer a atmosfera das baladas e um vislumbre do Carnaval para dentro de casa, fazendo com que a fantasia de voltar a esses espaços pareça uma realidade não tão distante assim.

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Gabriela Marqueti
Gabriela Marqueti
Jornalista, entusiasta de cultura pop e ex-fã de One Direction.
Em seu álbum de estreia, a Tunna surpreende positivamente por ter uma identidade musical bem definida. Trazendo o conceito de "música para rebolar chorando", o duo nacional entrega um disco festivo e alto-astral no momento em que ele é mais necessário.Resenha: "Avenida Elétrica" - Tunna (2021)