É comum que a carreira de muitos cantores comece apresentando músicas de outros artistas em bares, praças, pequenos festivais ou até mesmo publicando vídeos na internet. Porém, uma vez dentro da indústria musical, aumentam-se as expectativas para os lançamentos autorais, que mostrem ao público mais da personalidade do próprio artista.
No caso de Bell Lins, esse momento foi planejado de uma forma um pouco diferente. Depois de participar do reality The Voice Brasil Kids aos 15 anos e, anos depois, ter sido convidada para a 11ª temporada do The Voice Brasil (sendo uma das finalistas), a brasiliense teve que adiar os trabalhos de sua carreira musical para se concentrar em outro “lançamento’: sua filha Serena, de agora 7 meses.
Agora, já mais ambientada à maternidade e com a ajuda da Carlo Music (selo de Alexandre Carlo, do Natiruts) no planejamento, Bell Lins lançou em fevereiro seu primeiro single autoral “Eu e Você”, uma composição com influências que vão do afrobeat ao R&B e fala sobre os riscos calculados (ou não) de se declarar para alguém no momento do flerte.
A Nação da Música conversou com Bell Lins sobre os bastidores de “Eu e Você”, desde o planejamento e as referências musicais até o lançamento pela Carlo Music, além de spoilers dos próximos passos de sua carreira para 2025.
Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Oi, Bell! Tudo bem? Como você está?
Bell Lins: Oi, Nat! Eu tô bem, aproveitando essa partezinha da manhã que eu acabo ficando junto com a Serena, tendo esse momento nosso juntas. Ontem eu até falei um pouco sobre isso no meu Instagram, sobre essa nova perspectiva de vida pós-bebê, mas tá tudo bem! E com você?
Tudo certo também! Imagino como deve estar sendo esse novo momento da sua vida. Vocês estão aqui em São Paulo ou não?
Bell Lins: Não, eu tô em Brasília. Eu moro aqui mas na verdade viajo bastante pra São Paulo, porque meu marido trabalha com marketing digital, então a gente acaba indo bastante. E a Serena, que fez sete meses essa semana, já fez algumas viagens junto com a gente.
E tá muito quente aí em Brasília também?
Bell Lins: Nada, Brasília tá uma querida! Por incrível que pareça, tá um climazinho bom, fresco.
Ai que ótimo, porque aqui em São Paulo tá absurdamente quente! Hoje eram 7 horas da manhã quando eu fui fazer pilates e já voltei pingando! (risos).
Bell Lins: Cara, eu fiz pilates quando estava grávida e eu não sei se é por isso, mas achei o pilates pior do que qualquer outra coisa que eu fiz na vida! (risos). Me cansava absurdamente, mas também, eu tava me preparando para parir, né? (risos).
É, talvez esse tenha sido um agravante! (risos).
Bell Lins: Eu queria muito tentar fazer yoga, porque acho que fica no meio termo de relaxar e fortalecer a musculatura.
Nossa, eu queria muito fazer yoga um dia também! Mas, falando sobre música, eu vi que você fez o seu comeback musical lançando a sua primeira música autoral, “Eu e Você”, agora em fevereiro. Eu vi no seu Instagram você comentando que já tinha ensaiado muitas vezes fazer o lançamento de uma música autoral. Como é que você se sente tendo feito esse comeback agora?
Bell Lins: Na verdade, eu digo ensaiado porque quando a gente canta cover e começa a ter um pouco de visibilidade, essa é uma grande pauta, que consolida um artista. Então, por exemplo, depois do Kids, eu pensei que eu fosse lançar música, depois do The Voice Brasil, eu pensei que fosse lançar música. durante a pandemia, as pessoas começaram a lançar música, eu comecei a escrever… então esse momento foi ensaiado, principalmente depois que a gente começou a produzir as canções. Em novembro de 2022, quando estávamos com tudo certo, gravamos o clipe, mandamos as músicas para mixagem e masterização, com tudo pronto pra lançar, em fevereiro eu falei “galera, tô grávida” (risos). Eu lembro que eu sentei com o Pedro Alex, o Alexandre, todo mundo da Carlo Music, e contei pra eles muito feliz, e nessa conversa eles falaram pra mim “olha, acho que se você tentar viver os dois lançamentos (risos) de uma vez, talvez você não consiga viver nada direito, porque você vai estar com um bebê muito recém nascido”, porque a data prevista pra lançar era muito próxima da Serena nascer, então seguramos um pouco mais.
Então eu tô muito feliz com esse lançamento de agora, só que, ao mesmo tempo, eu tenho uma certa ansiedade, porque, como as coisas estão prontas, tem mais por vir. Só que os processos são um pouco mais trabalhados, a gente vai trabalhar um single e aí temos outro pra trabalhar, por mais que eu já tenha várias outras coisas prontas e guardadas com muito carinho. Tem um pouco desse sentimento de “poxa, que bom que você gostou dessa música, mas tem outra muito melhor que vai vir aí!”. A gente fica segurando um pouco dessa ansiedade, trabalhando tudo de uma forma mais fluida e, graças a Deus, eu tenho uma equipe maravilhosa que me ajuda também a conter um pouco dessa ansiedade, trabalhar melhor cada single e poder fazer essa construção de público e de história também.
Falando sobre equipe, o lançamento é pela Carlo Music, que é o selo do Alexandre Carlo, do Natiruts. E eu queria saber como você assinou com eles, como foram os bastidores, que você até contou agora um pouquinho, e as gravações em si.
Bell Lins: Cara, é uma loucura a gente pensar como Deus faz as conexões. A primeira vez que eu conheci o Alexandre Carlo, eu tava cantando no Coco Bambu, voz e violão. Eu era muito novinha e ele tinha ido lá jantar com a família dele, que hoje também eu chamo de família. Eu tava cantando “Human Nature”, do Michael Jackson, com o meu pai tocando violão, sei lá, numa quarta-feira, às 20h30, e eu sou muito nova, né, acho que provavelmente eu tinha acabado de voltar da escola. De repente meu pai viu que o Alexandre tava lá parado numa pilastra, assistindo nosso show, enquanto eu tive um delay absurdo (risos), tanto que eu fui lá, tirei foto com ele e falei depois “caraca, eu gosto de todas as músicas do Natiruts, tinham músicas no repertório que eu podia ter tocado”. Aí, um tempo depois, a vida nos uniu! Inclusive, eu soltei uma música chamada “Entraves” pelo BX B Sounds, que foi um projeto que ele fez com artistas de Brasília e que, mesmo não tendo sido uma composição minha, teve o nome dele. Depois disso vieram várias outras coisas e esse momento agora foi de muita confiança dele em acreditar muito no meu trabalho, às vezes até mais do que eu mesma. E eu tô muito feliz, porque o Natiruts é o orgulho de Brasília! É a maior banda de reggae do Brasil e eu falo que da América Latina também. Nas músicas que a gente compôs, algumas ele gravou violão, outras ele deu pitaco na letra, então é um super aprendizado pra minha carreira e eu tenho abraçado essa oportunidade com muito amor.
Que tudo! Eles estão a todo vapor agora também na turnê de despedida, né.
Bell Lins: Sim! Na verdade é um pouco difícil, inclusive trocar essa ideia sempre com eles, porque sempre tem bastante demanda. Mas o Alexandre, o Pedro, toda a equipe da Carlo, sempre tiram um tempo pra responder e fazer parte do projeto mesmo, participando de todas as reuniões. Então é muito especial isso que eu tenho, porque eu compreendo toda a correria que eles têm, por exemplo de turnê agora, o Alexandre lançando seu trabalho solo (também pela Carlo), então, é um baita presente. Não tem nem como mensurar.
Ainda sobre composição, eu vi que a letra de “Eu e Você” fala muito sobre esse sentimento que a gente tem quando está se envolvendo com uma pessoa, mas não sabe como agir na hora de se declarar. A composição dessa letra foi baseada em alguma experiência pessoal sua ou é um tema que te interessa?
Bell Lins: Acho que um ponto comum das minhas composições é procurar histórias reais, e não necessariamente minhas, porque eu sou muito nova, vivi poucas experiências amorosas. Mas “Eu e Você” é uma canção que retrata a história de todo mundo, eu acho. Eu sou uma virginiana nata, então fico sempre tentando calcular riscos (risos), e essa música fala muito sobre isso. Então tem uma questão de tipo “se eu me declarar pra esse cara, eu posso estragar uma parada que tá muito boa para mim”. Eu sei que tem gente que se joga com tudo e não liga tanto assim pros riscos, pra pessoas emocionadas. Virginianos são emocionados introspectivos (risos), eles sofrem ali sua própria emoção, mas ficam com um pouco de medo disso. Então, quando eu comecei a escrever essa música, ela foi organizada, porque eu tirei uma tarde com meu irmão na casa da minha mãe pra escrever. A gente pegava type beat do YouTube e assim veio esse pré-refrão, que o meu irmão começou a cantarolar e quando a gente viu o caminho que a música iria, eu falei “a gente podia falar justamente sobre esse limbo que acontece nas relações da pessoa te dar sinais, mas você ter medo de estar interpretando esses sinais errado e começar a desenvolver um sentimento”. E se você se declara pra pessoa mas ela não está na mesma vibe e você sente que estragou uma coisa muito legal? A gente foi um pouco mais racional na escrita dessa música por planejar o que queríamos falar.
Eu admiro muito essa postura, porque eu, como escorpiana nata, sou emocionada de um outro jeito (risos). Mas falando agora sobre a musicalidade, pessoalmente, eu senti muitas referências da soul music, além de um quê de pop também. Quais foram suas principais inspirações?
Bell Lins: A gente bebe muito da mesma fonte – eu falo a gente, eu e o Pedro Alex, no caso. E eu lembro que inclusive o Type Beat que eu peguei do YouTube na época – que não tem nada a ver com instrumental hoje, que ficou muito melhor que a original – era um tipo de Erykah Badu. Eu lembro inclusive que era até mais, não quadrado, mas era um beat mais pesado, sabe? Quando a gente levou essa guia pro estúdio, a música foi criada dentro dessa intuição da soul music e do R&B, só que não um pop, mas sim um R&B Erykah Badu, um R&B Lauryn Hill, que é até um pouco mais hip hop. Quando eu comecei a cantarolar e o Pedro pegou a guitarra, percebemos que poderíamos levar isso pra uma sonoridade um pouco mais solar, que é a cereja do bolo das músicas que saem da Carlo. Você consegue ver Sol nas músicas do Natiruts, do Alexandre, do Pedro Alex… então quando eu vi essa oportunidade tocando essa música mais orgânica, começamos a viajar mais pro afrobeat do que pro hip hop. Na questão de beats, essa música tem essa sonoridade mais afrobeat e um instrumental que traz um pouco de Lauryn Hill comigo cantando. A música virou uma coisa muito diferente e trouxe muita personalidade, não só minha, mas também do Pedro Alex, que tava comigo nessa produção. Inclusive, falando aqui rapidinho, tem versão ao vivo dessa música pra sair agora no mês de março, viu? Ela vai ser um pouco mais R&B, inclusive, eu vi ontem e tá maravilhoso, a gente entregou tudo! É uma proposta mais intimista, pra fechar essa história com as duas versões, porque eu também senti muita saudade de trazer esse R&B, então conseguimos arrematar as duas coisas agora.
Aí que tudo! E clipe, vai sair também?
Bell Lins: Dessa música, não. Mas temos promessas pras próximas músicas!
Sobre essas próximas então, o que você pode me falar?
Bell Lins: Elas continuam contando uma história que em breve vai fazer todo o sentido lá na frente – mas não tão na frente assim. Algumas canções vão trazer o mesmo assunto de relações, mas dentro de perspectivas diferentes. Então começamos com essa música que fala sobre esse momento entre flerte e paquera, e vamos aprofundar um pouquinho mais esse sentimento nas próximas canções.
Ainda vai ter essa pegada que você comentou do R&B e do afrobeat?
Bell Lins: Sim, só que com novidades. Essa canção que lançamos tem esse afrobeat, essa sonoridade pop, e vamos manter isso, mas o próximo lançamento é uma música um pouco mais romântica; acho que é o que eu posso falar. É tipo assim, você se declarou e deu bom!
Essa música sai esse semestre ainda? Já que agora em março você falou que vai sair essa versão ao vivo de “Eu e Você”.
Bell Lins: Sim, sim, sai ainda nesse semestre! E nós também temos colaborações com produtores da cena do pop R&B. Acredito que vai ser uma surpresa boa pras pessoas que gostam do meu trabalho e que também gostam do trabalho desses outros dois artistas que estão nessa faixa comigo. Vai ser muito legal!
Falando em colaborações, pesquisando sobre você eu vi que você já cantou com a Ivete no bloco de carnaval, já cantou com a Iza… tem alguém com quem você gostaria muito de fazer um feat?
Bell Lins: Acho que tô conseguindo trazer artistas, produtores, beatmakers de uma forma sensacional, mas acho que nesse momento da minha carreira, como eu fiz reality, cantei e fiz participações incríveis, como você citou, eu gostaria que as pessoas ouvissem um pouco mais a minha perspectiva, as minhas letras comigo cantando. Esse primeiro momento do meu trabalho tem singles solos, claro que com esses artistas, beatmakers e tudo mais, só que eu acredito que as histórias podem ser contadas comigo cantando sozinha. Como eu te falei no início da entrevista, a gente preparou pra esse primeiro momento canções solo que as pessoas vão gostar muito também, com certeza. Sobre feat dos sonhos, eu tenho ouvido muita coisa, mas tem uma pessoa que me segue no Instagram e que eu fico flertando, que é a Liniker. Que absurdo que seria! (risos). Eu sei que é uma coisa que está no meu coração e que eu joguei pro universo, mas ela me segue no Instagram, às vezes vê algo que eu posto da minha filha e eu fico tipo, o que que tá acontecendo? (risos). Mas por eu ter amado “CAJU” e “Indigo Borboleta Anil” ter feito parte de vários momentos importantes da minha carreira e ter me inspirado pra escrever músicas novas, acho que a Liniker com certeza tem uma estrelinha no meu coração.
Já que você falou da Liniker, qual a sua faixa preferida de “CAJU”?
Bell Lins: Não existe! (risos). É igual fã de Beyoncé, não se faz esse tipo de pergunta! (risos). Eu gosto muito de tudo em “CAJU”, mas chorei algumas vezes com “VELUDO MARROM” depois que a minha filha nasceu, porque fala um pouco desse momento mais íntimo, e eu ressignifique muito a letra sobre a pele na pele, o olho no olho. Algumas vezes eu me peguei escutando pra Serena ouvir também e é uma música que me emociona bastante. Mas não tenho uma música favorita (risos), se soltar aquela que fala sobre a popstar no momento certo, é a minha favorita também! (risos).
Muito justo (risos) porque é isso, as músicas são todas muito boas, cada uma toca num lugar diferente.
Bell Lins: Cada uma toca num lugar diferente. Pra fazer feat, com certeza seria a Liniker nesse momento. Mas talvez lá pras 15h seja a Luedji Luna talvez (risos).
E uma curiosidade, além dos lançamentos autorais, você pretende continuar fazendo covers também?
Bell Lins: Acho que o cover é um conteúdo estratégico muito interessante nas plataformas e principalmente da forma que o streaming está sendo consumido hoje em dia. Então, como eu sou uma artista muito diversa, faço shows e eventos em Brasília e fora de lá com uma frequência muito grande, eu acabo cantando outras músicas do meu repertório. Com certeza o cover vai ser usado além de diversão – pra eu cantar minhas músicas favoritas e me comunicar através disso – mas também para alcançar pessoas novas que possam se interessar pela minha voz e, depois, talvez escutem e gostem das minhas músicas também. Então, o cover é um caminho pra gente, eu gosto muito de fazer versões; dificilmente vou parar de cantar as músicas das outras pessoas.
Que tal uma da Liniker?
Bell Lins: Ai gente, eu vou parecer muito puxa saco, né? (risos). Mas acho que eu posso fazer uma versão voz e violão de Liniker. Acho que seria tudo!
Eu já tô esperando por isso depois desse papo aqui, tá? (risos).
Bell Lins: Tá, eu vou deixar anotado. Tudo por você, Nat! (risos).
Muito chique! (risos). Faça sim, por favor, que eu quero muito! E encerrando nossa conversa, como você resumiria o que podemos esperar de Bell Lins em 2025?
Bell Lins: Acho que eu não conheço a Bell Lins de 2025 porque eu me surpreendi muito com as minhas versões depois de momentos muito bons e momentos muito difíceis que eu passei. Sempre que eu olho pra trás, é como se essas pessoas fossem conhecidas pra mim, e eu sempre fico pensando “puxa, como eu não previ isso antes?”. A Bell antes de ser mãe não conseguiu prever a Bell mãe, e agora quando eu vejo, fico impressionada com o quanto essa pessoa é diferente! Espero muito que eu consiga continuar me realizando, fazendo as coisas que eu sinto, porque o artista sempre tenta passar a mensagem do que acredita da forma mais bonita, é isso que é a arte: a gente conseguir decifrar um pensamento através de uma beleza que está exposta, seja numa música, numa obra, etc. Então espero que eu continue conseguindo fazer as coisas que eu sinto de uma forma bela e que nunca se torne banal pra mim pegar o microfone e cantar num barzinho, num aniversário ou num palco de grandes festivais. Tenho certeza que vai ter um sabor diferente subir no palco e cantar as minhas próprias músicas. Então eu só tenho esperança e bons desejos pra Bell Lins de 2025, porque eu de fato não consigo resumir quem vai ser essa pessoa. Espero que seja uma pessoa massa, que continue trazendo orgulho pra mim e pra minha família também.
Com certeza! Eu já tenho certeza disso só com esse primeiro lançamento, imagina o resto que vai vir por aí!
Bell Lins: Você gostou, menina? Eu achei lindo!
Eu gostei muito!
Bell Lins: Que bom, Nat! Obrigada.
Muito, muito obrigada pelo nosso papo Bell! Amei te conhecer e trocar ideia com você e vamos nos falando nos próximos lançamentos!
Bell Lins: Nat, muito obrigada, viu? Com certeza nos falaremos no próximo lançamento!
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