Resenha “Council Skies” – Noel Gallagher’s High Flying Birds (2023)

Noel Gallagher
Foto: @RafaelStrabelli / Nação da Música.

Chegou nesta sexta-feira (02) em todas as plataformas digitais “Council Skies”, novo álbum da Noel Gallagher’s High Flying Birds, e que traz um momento bastante especial para a carreira musical do ex-Oasis.

Desde que anunciou o lançamento do quarto disco de sua banda solo, Noel Gallagher havia descrito o projeto como uma retomada de suas raízes musicais na época dos anos 90. “Sonhar acordado, revirar os olhos e imaginar o que a vida poderia ser… isso é tão verdadeiro para mim hoje quanto era no início dos anos 90. Quando eu estava crescendo na pobreza e no desemprego, a música me salvou. É isso que eu acho que a música deve fazer. Quero que minha música eleve e ajude de alguma forma”, disse o cantor à RTE.

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O conceito de “Council Skies” é inspirado ainda no livro homônimo do escritor e ilustrador Pete McKee, que serviu de inspiração para Gallagher enquanto escrevia a faixa título do quarto disco de sua carreira solo em conjunto com a High Flying Birds. O disco é ainda o primeiro a ser gravado no estúdio próprio do ex-Oasis, o Lone Star Studios.

Abrindo o álbum, “I’m Not Giving Up Tonight” traz uma melodia bastante suave de uma balada acústica, guiada basicamente pela base do violão e das nuances da voz de Noel Gallagher, alternando-se entre momentos mais aveludados dos versos para mais potentes do refrão. No decorrer da música, a entrada dos violinos e dos instrumentos de sopro antes do último refrão fazem com que o verso “continue dançando enquanto o som da música estiver ligado” resuma a sensação de ouvir o conjunto da obra.

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A seguinte “Pretty Boy”, primeiro single de “Council Skies” a ser divulgado, em outubro do ano passado, mantém a sonoridade acústica, mas resgata alguns dos principais elementos que caracterizam o rock dos anos 80 e 90, me remetendo pessoalmente até mesmo ao som do The Cure, especificamente os hits “Boys Don’t Cry” e “Just Like Heaven”, por conta do ritmo mais acelerado que é construído progressivamente com a batida e palhetadas mais fortes das guitarras. Além da alternância entre os instrumentos nas diferentes partes da música, como o destaque para o baixo no refrão e para o riff de violão acústico nos versos, o timbre mais elevado da voz de Gallagher surge como o elemento necessário para arrematar toda a proposta da faixa.

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Destoando um pouco do tom mais otimista, mas sem perder a essência das baladas acústicas, a também conhecida “Dead To The World” traz uma melodia mais delicada, marcada pelo conjunto dos acordes mais lentos do vilão e arranjos bastante harmoniosos de violino. Esta é talvez a faixa com maior carga emocional até aqui, não apenas pelo título, mas também pelo alcance vocal impressionante de Noel Gallagher de notas dificilmente altas. A passagem desta para “Open The Door, See What You Find” soa como uma interlude quase que imperceptível, dando à sonoridade anterior e à lamentação de se “estar morto para o mundo” e “não saber por onde esteve” um tom mais esperançoso e encorajador de se arriscar frente ao desconhecido, perceptível também pelo ritmo mais acelerado e a potência mais forte dos vocais.

Talvez o fato do ritmo mais suave que estende a introdução de “Trying To Find A World That’s Been And Gone“ por mais de um minuto seja uma das características que mais tenha me feito associar a quinta faixa do álbum de Noel Gallagher com a High Flying Birds ao início de “Champagne Supernova”, um dos maiores clássicos do Oasis, seguindo a mesma estrutura de uma melodia mais serena que destaque propositalmente o timbre dos vocais. Passada (rapidamente, inclusive) a faixa mais curta do álbum, “Easy Now” retoma em poucos segundos a vivacidade de uma melodia crescente e ao mesmo tempo reconfortante, especialmente pelo que soa como um coral no refrão e reforça as palavras de suporte de Gallagher, que alterna entre notas mais graves e altas de forma bastante natural. Outro destaque da faixa é o solo de guitarra, elemento que eu pessoalmente senti um pouco de falta de uma maior exploração no disco até então.

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A homônima “Council Skies” reúne o melhor dos elementos que caracterizam o gênero indie e o rock dançante dos anos 90. Numa construção progressiva da melodia, a faixa é talvez uma das melhores do disco por sua riqueza instrumental, que envolve uma batida contagiante, variações entre uma base mais sólida e nuances dos arranjos das guitarras, além de suaves momentos dos violinos e trompetes. Além disso, o domínio de diferentes técnicas vocais do cantor guia a fluidez da música de forma bastante natural.

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Por falar em destaque aos vocais, “There She Blows” encanta logo em seus primeiros segundos pela harmonia perfeita e uníssona entre a voz principal de Noel Gallagher e a segunda voz, narrando a procura incansável por um amor específico, a faixa é uma das mais distintas de “Council Skies” por trazer um tom mais pesado das guitarras, inclusive no solo, tendo uma finalização interessante com a frase “eu disse a ele, cara, eu te amo mais / eu te amo mais que amor” do refrão, ressaltando o tom romântico da música. Explorando novamente o otimismo das baladas do rock, “Love Is A Rich Man” contagia tanto pelo momento solo da bateria na introdução (e que depois mostra-se como um marcador entre as diferentes partes da música), quanto pela cadência das guitarras e a forma com que a voz de Gallagher acompanha e inclusive se mistura à melodia do instrumental.

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Pessoalmente, “Think Of A Number” me soou como uma combinação entre o rock do Oasis e a sonoridade mais “dark” do The Cure. Apesar de ser muito bem produzida e destacar-se principalmente pelo set das guitarras (em especial quando nos momentos da ponte e pós-refrão junto aos teclados), foi a faixa que pessoalmente menos me encantou no disco, talvez por repetir a mesma estrutura sem grandes variações ao longo de quase 6 minutos. Para finalizar o álbum da forma mais festiva possível, a faixa bônus “We’re Gonna Get There In The End” reforça a ideia de persistir até alcançarmos nossos sonhos sob uma melodia marcada por trompetes, que ditam inclusive o tom das guitarras e da batida. O verso “não deixe de acreditar, nós vamos chegar lá no final” seja talvez a grande síntese de “Council Skies”, confirmando a intenção de Noel Gallagher de oferecer ao longo de 11 faixas um meio das pessoas mergulharem profundamente em suas fantasias através da música.

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi
No quarto disco de seu projeto solo, Noel Gallagher cumpre a pretensão de retomar suas raízes musicais, explorando diferentes sonoridades de um violão mais acústico, mas ainda assim dentro do espectro do rock dos anos 90Resenha “Council Skies” - Noel Gallagher’s High Flying Birds (2023)