Resenha: “Praieiro” (2016) – Selvagens à Procura de Lei

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Depois de transitar pelo indie romântico e o rock alternativo com viés político em “Aprendendo a Mentir”, de 2011, e no disco homônimo de 2013; os cearenses do Selvagens à Procura de Lei incorporam mais influências nacionais e regionais; e acertam a mão na dosagem tropical pop em “Praieiro”, lançado no último mês de março.

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Produzido por David Corcos – que já trabalhou com nomes como Marcelo D2, Seu Jorge e o próprio Selvagens à Procura de Lei – o álbum foi gravado e editado a partir de um bem-sucedido projeto de financiamento coletivo e chega para consolidar a nova fase da banda, radicada em São Paulo desde 2014.

A mudança de região também acena como uma das principais temáticas implícitas em “Praieiro” de duas formas: nostálgico/saudosista, perceptível no conjunto de algumas letras, referências e texturas instrumentais; e em sua concepção estrutural, já que é o primeiro trabalho em que todos os quatro integrantes participam em conjunto de todo o processo criativo – consequência da convivência rotineira e do cotidiano da nova vida na capital paulista.

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A viagem rumo ao autodescobrimento musical do Selvagens à Procura de Lei em “Praieiro” começa ensaiando um flerte com a música pop em refrões – e pré-refrões – marcantes. As quatro primeiras músicas do disco já apresentam esse novo ensejo, que soa um pouco diferente se comparado aos trabalhos lançados anteriormente pelo quarteto de Fortaleza.

A faixa “Dois de Fevereiro” abre o disco reverenciando tradições nordestinas em referência a celebração da festa de Iemanjá, e conta com um background de percussões, guitarras bem suingadas e os aprimorados arranjos vocais sobrepostos e bem casados entre os guitarristas e vocalistas Gabriel Aragão e Rafael Martins; além do baixista e vocalista Caio Evangelista. Tudo isso inserido em um clima “vintagesetentista” bem harmonizado na timbragem dos instrumentos.

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Esse ambiente sonoro – que dita boa parte do disco – segue, com um pequeno adicional de overdrive em “Sangue Bom”; faixa que retrata alguns recortes da vida dos caras na metrópole paulistana e, provavelmente, conta com o refrão mais empolgante do álbum. A boa sequência inicial é completa pelo primeiro single do disco “Tarde Livre”; e “Felina”, que introduz as primeiras cadências do reggae music da trama.

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Até aqui, o disco apresenta bem a proposta de adicionar algumas novas camadas ao rock selvagem de outrora, com boas alternativas tangentes e de leve absorção para quem está ouvindo. Tudo isso sem descaracterizar aquele Selvagens à Procura de Lei que chamou atenção no Lollapalooza 2014.

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Na sequência, a banda apresenta “O Que Será do Amanhã”, e uma reviravolta: os vocais da linha de frente, bem introduzidos nas faixas anteriores abrem espaço para um novo elemento e entra em cena o tom grave ecoado pelo baterista e vocalista Nicholas Magalhães – familiar para os que já acompanham o grupo, principalmente pelo refrão de “Despedida”, do disco anterior.

Analisando sequencialmente, a baladinha pode até causar uma certa estranheza em primeiro momento, mas funciona bem no contexto e chega a remeter à alguns clássicos de Tim Maia.

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Eis que surge o tema instrumental que dá nome ao disco; ainda abusando daquele ambiente sonoro mencionado lá em cima, mas dessa vez explorando o som do mar ao fundo, variáveis da Surfmusic, e uma referencia indireta aos Beach Boys. Bom interlúdio para o que está por vir.

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O rock’n’roll volta com riffs de tapping em “Lua Branca” e, explicitamente intenso mais adiante, em “O Amor é Um Rock 2”, em homenagem aberta à Tom Zé, Raul Seixas e Arnaldo Baptista. Nesse ponto os caras fogem um pouco da identidade sonora da maior parte do disco, optando pela textura musical mais seca, quase cru… rock.

As doses de política chegam em um misto de reggae, rock e baião com direito a zabumba e triângulo em “Guetos Urbanos”, uma das melhores faixas do álbum; e homeopaticamente no coro que encerra o disco, em “Projeto de Vida”. E ainda sobra espaço para um revival forte da fase anos 80 da MPB em “Bastidores”.

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O leque está aberto. Seja para o Rock, para o reggae ou para o baião. “Praieiro” mostra que a mudança de ares e o tempo longe de casa fizeram bem aos Selvagens à Procura de Lei, que conseguiu se reinventar sem se descaracterizar. Além disso, fica explícito que o legado da Música Popular Brasileira é uma fonte que ainda tem muito a ser explorada e dificilmente deixará de influenciar os bons nomes da geração atual.

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Tracklist:
01. Dois de Fevereiro
02. Sangue Bom
03. Tarde Livre
04. Felina
05. O que Será o Amanhã
06. Praieiro
07. Lua Branca
08. Guetos Urbanos
09. Bastidores
10. O Amor É um Rock 2
11. Projeto de Vida

Nota: 8,5

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